Na sessão solene comemorativa do 45.º aniversário do 25 de Abril de 1974, na Assembleia da República, em Lisboa, André Silva começou por afirmar que "evocar esta data constitui também um momento para lembrar e pedir desculpa por todos os que morreram e foram atingidos pela violência da guerra colonial e agradecer aos que lhe puseram fim", sendo "inegável" que se vive melhor que há 45 anos.

Contudo, acrescentou, está-se "a viver acima das capacidades do planeta".

"Vivemos a crédito, a bancarrota ambiental está anunciada e quem tem poderes de supervisão e de intervenção continua em modo negligente", alertou.

Para André Silva, "mais do que a coragem e visão que têm faltado aos decisores políticos", falta-lhes "a empatia pelo nosso semelhante, pelas outras formas de vida, pelo planeta, a nossa casa comum", lamentando que, "da esquerda extrativista à direita produtivista", apenas se pode "esperar guerrilha partidária, tecnocracia e discursos redondos e vagos".

Com uma "elite política que está de costas voltadas para o futuro das pessoas", prosseguiu o PAN, "os jovens, movidos pela urgência climática e pela desesperança na classe política que não os ouve, têm-se manifestado na rua e à rua vão voltar".

"Devemos também ao 25 de Abril o fim do ciclo de isolamento internacional. O sonho de cumprir Portugal e de cumprir o planeta faz-se também na Europa. A união dos povos irmãos europeus faz-nos mais fortes e capazes de liderar o grande combate das nossas vidas: o das alterações climáticas. O ambiente pede revolução", destacou.

É inquestionável o desenvolvimento conseguido nos últimos 45 anos, sendo este "aferido por uma série de indicadores sociais e económicos", explicou o deputado único do PAN.

"Enquanto sociedade temos por hábito congratularmo-nos com os indicadores sociais e enfatizar os que versam sobre a avaliação e o desempenho económico, mas nunca, nunca demos atenção, e continuamos a não dar, aos indicadores que alertam para os défices ambientais e que expõem uma antevisão clara dos graves problemas humanitários com que seremos confrontados num futuro próximo e que podem comprometer, inclusivamente, a nossa sobrevivência enquanto espécie", alertou.

Na perspetiva do deputado único do PAN "é urgente reduzir e repensar os padrões de consumo e fazer a transição para um modelo económico circular", sendo urgente transformar a forma como se neste planeta.

"O prazo para salvar a Terra tem uma data: 2030. E hoje, a partir deste momento, faltam dez anos, oito meses, cinco dias e 13 horas para o ponto de não retorno. Se todos e todas quisermos, se todas e todos nos unirmos tal como fizemos há 45 anos, ainda vamos a tempo", apelou.

Para o PAN é preciso coragem e competência "para que em 2030 a temperatura média do planeta não suba um grau e meio, o limite a partir do qual os fenómenos meteorológicos extremos são imprevisíveis" e a vida no "planeta se tornará mais difícil de suportar".