As outras bancadas, mais à esquerda, tiveram outras opções e mais diversificadas, de poetas e cantores, Sérgio Godinho, Ary dos Santos, Natália Correia, mas também o dirigente bloquista Miguel Portas, que morreu há cinco anos.

De Soares, fundador, líder histórico e ex-Presidente, foi o CDS, através de Isabel Galriça Neto, a recordá-lo como “figura central da nossa democracia”.

Depois, foi Alberto Martins, do PS, a lembrar Soares.

“Cumpro o dever histórico, de honrar a memória de quem, este ano nos deixou, e da liberdade fez sua bandeira, quer na resistência à ditadura, quer na fundação do regime democrático do 25 de Abril. Um homem que cruzou a sua vida com o destino da Pátria: Mário Soares”, disse.

Minutos depois, pelo PSD, a deputada Teresa Leal Coelho, citou o ex-líder socialista que “desbravou o rumo” para Portugal, na luta pela democracia e na opção europeia. Que também lembrou a poetisa Sophia de Mello Breyner, para dizer que é preciso estar “à altura de ‘habitar livremente a substância do tempo’”.

Claro que tanto o PSD como o CDS lembraram os seus fundadores: os sociais-democratas recordaram Francisco Sá Carneiro, que é hoje agraciado pelo Presidente a título póstumo, e Adelino Amaro da Costa, fundador do CDS e sua figura de referência. Ambos morreram na queda de um avião, em dezembro de 1980.

Ferro Rodrigues, presidente do parlamento, como fez mais tarde Marcelo Rebelo de Sousa, também evocou a memória de Mário Soares.

Mas Ferro também lembrou Salgueiro Maia, o “capitão de abril” que aceitou rendição de Marcelo Caetano na tarde de 25 de abril de 1974, Manuel Alegre, poeta e ex-deputado do PS, e também Zeca Afonso.

Os outros partidos optaram por citar Sérgio Godinho, como o PCP, “Só há liberdade a sério quando pertencer ao povo o que o povo produzir”.

Joana Mortágua, do Bloco, lembrou e citou Miguel Portas, antigo dirigente bloquista com a frase: “Sonhamos? Não sonhamos nada, somos mesmo os únicos realistas deste filme.”

Já Heloísa Apolónia, do PEV, citou o poeta Ary dos Santos para descrever o “Portugal suicidado” antes da “Revolução dos Cravos”.

E André Silva, do Partido Pessoas-Animais-Natureza (PAN) recordou Maria de Lourdes Pintasilgo, primeira mulher a chefiar um governo em Portugal.