Numa nota enviada à Lusa, a parlamentar considera que "tanto a alteração ao regimento [do parlamento] como a negação da possibilidade de falar na cerimónia de celebração do 25 de Abril, demonstram um claro preconceito para com as deputadas não inscritas" e salienta que "esta situação ganha especial relevância no dia que se celebra o fim da opressão e do silenciamento do povo".

"Assim sendo, estarei presente na cerimónia na Assembleia da República, mas farei questão de assinalar o meu protesto e, posteriormente, juntar-me-ei ao desfile do 25 de Abril, para o qual não procedi a qualquer inscrição", refere Cristina Rodrigues (ex-PAN), defendendo que "o 25 de abril é de todas as pessoas".

Segundo indicou à Lusa fonte oficial do seu gabinete, a deputada não inscrita vai ter vestida uma camisola com uma mensagem de protesto.

"Atendendo à restrição de direitos que se vive dentro da própria casa da democracia, celebrarei o dia da liberdade onde a revolução se deu, na rua", afirma Cristina Rodrigues.

Apontando que a implementação de medidas de confinamento "teve como efeito a restrição de direitos fundamentais, muitos conquistados com a Revolução de Abril", a deputada não inscrita defende que "no contexto atual, é fundamental evocar os valores de Abril" que "podem ajudar a ultrapassar os problemas que a pandemia agravou".

"A sessão solene comemorativa do 25 de Abril representa, assim, um momento ímpar para lembrar o que a democracia representa para nós e enaltecer os princípios fundamentais da igualdade, da liberdade e da tolerância. Acontece que a Assembleia da República já teve oportunidade de mostrar, e agora voltou a fazê-lo, que não somos assim tão iguais nem tão livres", critica ainda.

De acordo com o cerimonial da sessão solene comemorativa do 47.º aniversário do 25 de Abril de 1974, vai usar da palavra o Presidente da República, o presidente da Assembleia da República, os grupos parlamentares (seis minutos para cada) e também os deputados únicos do Chega e da Iniciativa Liberal (três minutos para cada).

Na semana passada, a deputada endereçou um ofício ao presidente da Assembleia da República, Eduardo Ferro Rodrigues, pedindo que lhe fosse dada a possibilidade de intervir na sessão, o que lhe foi negado.

Na reposta, à qual a agência Lusa teve acesso, o gabinete de Ferro Rodrigues argumentou que "não há disposição regimental que preveja, nem precedente parlamentar que contemple a intervenção de deputados não inscritos nesta sessão solene" e salientou que a questão foi "expressamente abordada na última revisão do regimento e ainda discutida em sede de conferência de líderes", tendo sido decidido a "não atribuição de tempos" às deputadas não inscritas.

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