À agência Lusa, Maria Inácia Rezola, comissária das comemorações do cinquentenário do 25 de Abril, afirmou que, pela sua experiência dos últimos meses no cargo, vê um “país em ebulição”, que quer celebrar e festejar Abril.
A comissão, disse, já recebeu “mais de 200 propostas de iniciativas” por todo o país.
São “propostas com grande dinamismo, grande imaginação”, há uma “vontade de trazer Abril para as ruas, Abril para as casas de todos os portugueses”, afirmou.
Destaques do 50.º aniversário do 25 de Abril em 2023
Lembrar o que #NãoPodias fazer antes de 1974
As comemorações em Lisboa vão ser descentralizadas, com um núcleo no Palácio Baldaya, em Benfica. Haverá “uma campanha nas redes sociais, dirigida sobretudo aos mais jovens, intitulada #NãoPodias, tentando alertar e levar a uma reflexão sobre o que é que se podia e o que não se podia fazer antes do 25 de Abril” de 1974, explicou à Lusa Maria Inácia Rezola, historiadora e comissária das comemorações dos 50 anos do 25 de Abril.
Não se podia beijar na rua, votar livremente, discordar, viajar, reunir, ser europeu ou ter acesso gratuito à saúde são alguns dos #NãoPodias que a comissão vai recordar.
Festival 2504, com música e debates
Em abril, a comissão junta mais um festival, especialmente dedicado aos jovens: vai “dar” música, mas também 'workshops', visitas guiadas à exposição sobre Amílcar Cabral no Palácio Baldaya e várias conferências ao longo dessa semana do 25 de Abril.
Recordar Congresso da Oposição Democrática, em Aveiro
A comissão vai evocar de forma original o Congresso da Oposição Democrática, em Aveiro, em abril de 1973, um ano antes da revolução, e que desafiou o Estado Novo, segundo Maria Inácia Rezola. “Enquanto em Lisboa vamos ter duas tardes de reflexão, sobre os temas que foram debatidos em 1973, na Universidade de Aveiro, com escolas do ensino primário, secundário e também estudantes universitários, vamos debater os temas da atualidade que movem os jovens e que os inquietam como questões ambientais, como questões de desigualdade, de exclusão”, descreveu.
“Unidos Venceremos”, a 1 de Maio
O Dia do Trabalhador, em 01 de Maio, marcará a abertura de uma exposição com o título “Unidos Venceremos”, sobre “as greves e os protestos na reta final do regime”. Esta é uma exposição comissariada por Pacheco Pereira, do arquivo Ephemera, e que vai ter um polo em Lisboa e um polo em Barreiro, distrito de Setúbal.
Um verão para lembrar os Liberais do regime
No verão, é a altura de evocar o encontro dos Liberais, em junho 1973, em que “os célebres deputados da ala liberal [Sá Carneiro, Pinto Balsemão, Mota Amaral, Miller Guerra, por exemplo] que tinham deixado a Assembleia Nacional decidiram refletir sobre qual o seu lugar no quadro político e no futuro político do país”.
Regresso ao monte de Alcáçovas onde nasceu o MFA
Até final do ano, será ainda evocada a primeira reunião plenária do movimento dos capitães de 09 de setembro, que juntou 95 capitães, 39 tenentes e dois alferes. É considerada a reunião fundadora do Movimento dos Capitães, mais tarde rebatizado de Movimento das Forças Armadas (MFA). O reencontro será no local onde aconteceu há 50 anos – no Monte do Sobral, em Alcáçovas, a 30 quilómetros de Évora, e que hoje é um empreendimento de turismo rural.
Em dezembro, será lembrado outro encontro do movimento, em 01 de dezembro de 1973, “tão decisivo e tão importante em que se começou a perspetivar que o golpe de Estado era a via para acabar com o regime”, como recordou a historiadora. Foi a famosa reunião de Óbidos.
Linhas de apoio às artes e ao cinema
A comissão abriu um concurso de candidaturas para financiar projetos artísticos relacionados com os 50 anos da Revolução de Abril. O júri está a avaliar e, nas próximas semanas, serão conhecidas os vencedores. No final do mês será aberto outro concurso no Instituto do Cinema e da Imagem para apoiar a produção de filmes, documentários e produção de cinema.
O orçamento da comissão de 2023 não chega ao milhão de euros. A sede está num dos claustros do edifício do Quartel do Carmo, em Lisboa, onde se rendeu, em 25 de Abril de 1974, o chefe do Governo, Marcello Caetano, tem uma equipa pequena, de seis pessoas, incluindo a comissária.
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