O objetivo deste estudo é testar “uma nova ferramenta” para identificar mulheres abaixo dos 50 anos com risco para cancro da mama e adequar os rastreios e medidas a esse risco, disse hoje à agência Lusa Luís Costa, diretor do Departamento de Oncologia do Centro Hospitalar Lisboa Norte (CHULN).
O CHULN é a instituição que vai integrar o estudo, o qual vai decorrer em Portugal, na Suécia, na Estónia e em Espanha.
Luís Costa adiantou que estão a aparecer cada vez mais casos de cancro em jovens, salientando que, de acordo com o último registo oncológico de 2018, dos cerca de 7.500 casos novos de cancro da mama diagnosticados, 1.800 eram de mulheres com menos de 50 anos, estando “fora do radar do rastreio” que neste momento é dirigido a mulheres entre os 50 e os 69 anos.
O oncologista adiantou que se está a tentar alargar o período de rastreio para começar aos 45 anos e prolongar-se até aos 74 anos, mas mesmo que se concretize, as mulheres mais jovens não serão abrangidas.
O especialista disse esperar receber cerca de 750 voluntárias, com idades entre os 35 e os 50 anos, utentes de serviços não oncológicos do centro hospitalar que podem também fazer uma mamografia e cujo resultado irá acompanhar o do teste poligénico, assim como uma carta de acompanhamento para entregar ao médico assistente para gestão de risco futuro da doença, caso seja necessário.
“Não se trata de mulheres doentes com cancro da mama. Trata-se de mulheres que não tendo história pessoal de cancro da mama, tenham ou não tenham história familiar de cancro da mama, podem participar neste projeto”, esclareceu Luís Costa.
Após a realização do teste, classifica-se se a mulher que tem um risco igual ao da população em geral ou se tem um risco mais elevado, disse.
Segundo Luís Costa, o que se pretende com este trabalho é demonstrar que é exequível com um teste que já está aprovado noutros países identificar cedo estas mulheres que não estão incluídas mesmo nos novos critério para começar a fazer o rastreio.
“A palavra cedo é a palavra que mais conta para a cura. Quanto mais cedo conseguirmos diagnosticar, mais precoce será o estadio e maior é a probabilidade de cura”, vincou, salientando que esta ferramenta pretende acrescentar “mais uma informação técnica e científica”.
No seu entender, os rastreios terão que ser “no futuro, dentro do possível, mais individualizados e não ser determinados pela idade”.
“Isso significa que há uma informação sobre o cidadão. Neste caso, estamos a falar de uma mulher para risco de cancro da mama, em que sabe se tem um risco acrescido ou não, e se deve ou não deve, se calhar no futuro, participar num rastreio que tem um limite de idade, não dos 45 anos de idade, mas outro limite de idade. Isso terá que ser depois comprovado”, declarou.
Financiado pelo Instituto Europeu de Inovação e Tecnologia, o estudo é apresentado hoje na Aula Magna da Faculdade de Medicina de Lisboa.
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