Composta por cerca de 2900 recifes, 600 ilhas continentais e 300 atóis de coral, a Grande Barreira de Coral estende-se por mais de dois mil quilómetros de comprimento entre as praias do nordeste da Austrália e Papua-Nova Guiné. Pode ser vista do espaço e é a maior estrutura do mundo feita unicamente por organismos vivos. Este prodígio ambiental corre, todavia, um risco maior do que até aqui se estimava, a julgar pelo estudo divulgado ontem na revista Nature Communications. E mais uma vez, a "culpa" é do aquecimento global. A diminuição da quantidade de aragonite - um mineral necessário para os corais na formação do seu esqueleto - tende a acelerar com o aumento da absorção pelos oceanos de dióxido de carbono (CO2), resultante da combustão de combustíveis fósseis em seres humanos.O equilíbrio químico dos oceanos encontra-se, assim, perturbado, com um declínio do pH (parâmetro que define se um meio é ácido ou básico) e a concentração de aragonite, uma forma cristalina do carbonato de cálcio. Sem aragonita, os corais não conseguem reconstruir seus esqueletos e se desintegram ao longo do tempo.
Medir no local a taxa de aragonita em cada um dos recifes dos 2300 quilómetros da Grande Barreira é uma tarefa impossível na prática. Mas, uma equipa de cientistas da Austrália e Arábia Saudita, estabeleceu um novo modelo para medir a taxa de aragonita em mais de três mil recifes da Grande Barreira e foi com base nesses cálculos que lançou o alerta. De acordo com estes cientistas, a diminuição de aragonita "deve ser provavelmente mais importante na Grande Barreira do que o previsto anteriormente" pelo IPCC, o Painel Intergovernamental sobre a Evolução do Clima. A acidez dos oceanos aumentou 26% com relação à era pré-industrial e os recifes de corais talvez estejam condenados a acabar, tinha já admitido o IPCC. A organização não-governamental ambientalista WWF afirma que quase um terço dos recifes coralinos do mundo já se perderam, e que os que restam podem desaparecer até meados do século XXI. Estes ecossistemas únicos representam menos de 0,1% da superfície dos oceanos, e abrigam cerca de um quarto das espécies marinhas, inclusive peixes essenciais para o ser humano.
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