"A greve continua e lamentamos porque não o havíamos previsto desta maneira. Percebemos que o governo não dá o braço a torcer e isto vai durar algum tempo. Não haverá trégua de Natal, exceto se o governo encontrar a razão", afirmou o secretário-geral do sindicato CGT (trabalhadores ferroviários), Laurent Brun, à rádio France Info.

O primeiro-ministro francês, Edouard Philippe, anunciou na quarta-feira o projeto integral de reforma do sistema de pensões, que pretende unificar os 42 regimes diferentes do país num sistema único. O chefe de Governo afirmou que com a mudança "toda a gente sairá a ganhar".

O governo mantém o plano, uma das promessas eleitorais de Macron, mas aceitou flexibilizar alguns pontos após os protestos da última semana.

As concessões, no entanto, não foram consideradas suficientes pelos sindicatos, que desejam intensificar a greve.

"A minha porta está aberta, a minha mão está estendida", disse Philippe, salientando que os anúncios do governo eram suficientes para acabar com a paralisação no país.

Mas os sindicatos consideraram que o governo "ultrapassou uma linha vermelha" com os anúncios sobre o sistema de pensões, um tema muito delicado na França, sobretudo para alguns setores, como os trabalhadores dos sistemas de transportes e algumas profissões de risco.

O governo quer evitar a qualquer custo uma nova crise social, após a mobilização dos "coletes amarelos", o movimento de protesto que surgiu há um ano e provocou uma forte queda do seu nível de popularidade.

Por isso, tentou estender a mão novamente aos sindicatos. "Há espaço para negociação", disse o ministro da Economia, Bruno Le Maire.

Na manhã desta quinta-feira, em cidades como Paris a grande maioria dos transportes públicos não funcionavam e os poucos que circulavam estavam lotados.

O centro da capital está em colapso com o grande número de veículos particulares e centenas de cidadãos que tentam vias alternativas para chegar aos locais de trabalho.

Em Paris, assim como em outras grandes cidades do país, como Marselha, estão programadas passeatas para esta quinta-feira e um novo dia de mobilização nacional foi convocado para 17 de dezembro, o terceiro em menos de duas semanas.

O porto de Le Havre, o segundo maior da França, amanheceu bloqueado por quase mil manifestantes, segundo a polícia. "Bloqueamos os oito pontos principais (de entrada). Vamos continuar aqui o dia todo", garantiu Sandrine Gérard, do sindicato CGT.

Uma das questões que mais enfurece os trabalhadores é o aumento para os 64 anos da idade da reforma. Atualmente, a idade legal mínima é 62 anos e continuará a ser, mas com cortes no valor a receber.

O governo contempla apresentar o projeto de lei sobre a reforma no conselho de ministros de 22 de janeiro, antes de enviar o texto ao Parlamento no fim de fevereiro.