Foram precisas quatro horas para o governo e os partidos avaliarem o estado da nação. No debate que encerra a legislatura, o primeiro-ministro apontou baterias à oposição — e a oposição fez tiro ao alvo ao ministro de António Costa que soma mais polémicas: Eduardo Cabrita.
Abaixo, um resumo resumido do debate (temos este artigo onde cada intervenção está explicada em profundidade). Entre os ataques ao PSD dos "casos e casinhos" e a história do ministro que “já só se livra de um caso quando se mete noutro”, eis alguns dos momentos mais marcantes desta tarde na Assembleia da República.
O cansaço do governo e as férias de Adão Silva
O PSD acusou o Governo de estar “cansado e desgastado” e de “não ter mão” para reerguer o país, mas o primeiro-ministro devolveu o conselho de “férias” ao líder parlamentar social-democrata.
Depois, o PSD insurgiu-se ainda contra os sucessivos “desastres” na ação do ministro Eduardo Cabrita, sugerindo a urgência de uma remodelação do Governo, mas o primeiro-ministro considerou que os sociais-democratas estão apenas focados em “casos e casinhos”.
O estado da negação
O PS e o primeiro-ministro recordaram hoje o tempo da 'troika' para atacar o PSD, que acusaram de ter a austeridade como receita e de estar em negação face à resposta do Governo à atual crise.
Mais tarde, o deputado do PS Porfírio Silva reiterou as críticas ao PSD, acusando-o de ficar atolado “na contradição continuada e sistemática” e de fazer “uma oposição negativista, sem propostas para a recuperação” no contexto de crise da covid-19.
As contratações insuficientes
A coordenadora do BE avisou que as contratações prometidas pelo Governo para o SNS não chegam devido à pandemia, manifestando preocupação por boa parte do investimento do Plano de Recuperação e Resiliência na saúde já estar antes previsto.
Já no púlpito, Catarina Martins criticou a “política de mínimos” do Governo com falta de disponibilidade para um “outro fôlego e outra política”, considerando que há desgaste num conjunto de ministros sem capacidade para as mudanças necessárias.
Os atropelos laborais
Já o PCP questionou o primeiro-ministro, António Costa, sobre o que vai fazer o Governo para travar os "atropelos aos direitos laborais", acusando também o executivo de falta de vontade para resolver o problema das moratórias.
As piadas socialistas
O CDS-PP classificou o “estado da governação” como “um desastre” e aconselhou o PS a não fazer “piadas” sobre a oposição e a olhar mais para o Conselho de Ministros e a sucessão interna.
As prioridades esquecidas
A porta-voz do PAN apontou ao primeiro-ministro um conjunto de prioridades que “ficaram para trás”, no campo ambiental, nos apoios sociais e até na igualdade de género, com Costa a enaltecer depois o combate às alterações climáticas.
As consultas
O primeiro-ministro disse que todos os indicadores apontam para uma recuperação das consultas médicas presenciais, em resposta ao PEV, que exigiu um reforço da contratação no Serviço Nacional de Saúde.
O pedido de desculpas
O deputado único do Chega exigiu ao primeiro-ministro que peça desculpa aos portugueses, e teve António Costa a acusá-lo de “absoluto desconhecimento” da realidade e a defender os números na área da segurança interna e dos incêndios.
As narrativas enganadoras
O deputado da Iniciativa Liberal, João Cotrim Figueiredo, acusou o Governo socialista de ter medo de um “fim de ciclo político” e por isso promover “narrativas enganadoras” como o PS como campeão do desconfinamento e do crescimento.
A barca do inferno
O ministro de Estado e da Economia considerou o fim das moratórias bancárias “a nova barca do inferno da economia”, estimando um crescimento económico igual ou superior a 13,3% no segundo trimestre deste ano.
“Afirmámos o nosso propósito de proteger o emprego e a capacidade produtiva das empresas. O nosso objetivo não era eliminar o impacto da crise, mas assegurar que as empresas conseguiam responder à procura assim que esta pudesse renascer quando se aliviassem as restrições”, referiu Siza Vieira.
A oposição preguiçosa
O ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros manifestou-se contra a revisão constitucional e do sistema eleitoral propostas pelo PSD e acusou a oposição em termos de conjunto de ser “preguiçosa” e sem alternativas políticas.
“O maior partido da Oposição mostra-se coerente em dois pontos críticos do equilíbrio constitucional: Um é o desejo de reduzir perdas eleitorais através da mudança ad hoc do sistema eleitoral e à custa da representação dos pequenos partidos e das regiões de baixa densidade; o outro é a permanente fixação em pôr em causa a independência do nosso poder judicial”, declarou no encerramento.
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