“Estamos abertos ao diálogo para construir uma agenda positiva que seja do interesse de todos nós no domínio do comércio, da cultura, do ambiente”, continuou Kyriakos Mitsotakis, candidato à reeleição nas eleições legislativas do próximo domingo.

“Mas não somos ingénuos (…) Para melhorar verdadeiramente as nossas relações, a Turquia deve aceitar resolver os nossos diferendos com base no direito internacional e no direito do mar”, acrescentou o primeiro-ministro cessante.

Na quarta-feira, num debate televisivo, Mitsotakis criticou a estratégia turca da “pátria azul”, que consiste em reivindicar recursos energéticos no Mediterrâneo oriental.

No verão de 2020, o envio de um navio turco de exploração de hidrocarbonetos para perto das ilhas gregas criou sérias tensões entre os dois vizinhos.

No ano passado, o Presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, acusou também a Grécia, aliada da Turquia na NATO, de “ocupar” ilhas do mar Egeu cujo estatuto tinha sido estabelecido em tratados após a Segunda Guerra Mundial, avisando que o Exército turco poderia “vir à noite” e “fazer o que fosse necessário”.

Após meses de tensões, o forte terramoto que devastou o sudeste da Turquia e a vizinha Síria, em 06 de fevereiro, aproximou Atenas e Ancara.

Kyriakos Mitsotakis afirmou hoje estar “aberto ao diálogo com o líder eleito pelos cidadãos turcos, seja ele quem for”.

O principal opositor de Erdogan, Kemal Kiliçdaroglu (um candidato social-democrata apoiado por uma vasta coligação), também disse em Kathimerini que queria que o “Mar Egeu se tornasse uma zona de paz”.

“Queremos que as nossas relações com a Grécia se desenvolvam de uma forma amigável”, acrescentou.

Todos os meios de comunicação social gregos estão concentrados nas eleições na Turquia. Para a estação de televisão privada Skai, “estas eleições na Turquia são as mais cruciais” das últimas décadas.

Segundo o jornal de centro-direita Ta Nea, “a mudança na chefia do Estado não significa necessariamente mudanças estratégicas, mas é uma oportunidade para renovar o diálogo”.

Nas colunas do semanário To Vima, Ino Afentouli, diretor do Instituto de Relações Internacionais da Universidade Panteion de Atenas, considera que “se abre um novo capítulo nas relações greco-turcas”, num “clima mais amistoso”.