Sofia Branco, que devia ter partido às 14:30 em direção a Frankfurt, num voo da Lufthansa operado pela TAP, esteve desde essa hora até às 19:20 na zona de embarque, quando obteve a confirmação de que o seu voo tinha sido cancelado devido a uma avaria no sistema de abastecimento de combustível das aeronaves no Aeroporto Humberto Delgado.

“A zona de embarque está um caos”, descreveu, em declarações à Lusa.

A passageira era uma entre os milhares, de acordo com a contabilidade que fez no local, que aguardavam na zona de embarque a resolução do problema que levou ao cancelamento de 27 voos até ao final da tarde.

O cenário de caos descrito por Sofia Branco não era visível na zona de check-in do aeroporto, onde o processo decorria com normalidade durante a tarde, com os monitores com informações sobre os voos a não indicarem atrasos nem cancelamentos.

Em muitos casos, no entanto, a indicação visível e que permaneceu sem alterações durante horas era a de “Porta Fechada”, ou seja, o momento que antecede a partida dos aviões e que indica que está encerrado o embarque.

Sofia Branco disse à Lusa que o cancelamento do voo a fez perder a ligação para Malta, o destino final, questionando que compensações lhe serão agora devidas.

“As indemnizações previstas são apenas para problemas com origem nas companhias aéreas, não nos aeroportos”, disse, referindo que ia viajar com a família e que tinha um apartamento alugado.

Pelas 21:00, a passageira aguardava numa fila para tentar cancelar a viagem, mas tinha já a informação, através da aplicação da TAP para telemóvel, que o seu voo de hoje tinha sido reagendado para sexta-feira, 48 horas depois, e que, em conversa com outros passageiros, tinha a indicação de que o mesmo se tinha passado com outras pessoas.

Para além de queixas de falta de informação, a passageira criticou ainda o facto de não ter sido possível usar o telefone disponível na zona de embarque para uso exclusivo de apoio ao cliente.

Durante a tarde de hoje, na zona de check-in, junto aos balcões das companhias aéreas, as pessoas procuravam obter informações e apoio logístico nos casos em que já havia confirmação de voos cancelados.

Stuart Small, que deveria ter embarcado às 14:30 para Barcelona num voo da TAP, chegou a embarcar com a mulher o filho bebé, mas depois de uma hora dentro do avião, à espera da partida, o comandante pediu aos passageiros que saíssem.

Sem informações concretas por parte da tripulação e dos assistentes no local, Stuart Small recolheu a bagagem e dirigiu-se ao balcão da TAP para solicitar soluções de alojamento, até porque viajava com um bebé doente.

Atrás de Stuart na fila, Maria devia ter embarcado às 14:30 num voo para Bruxelas.

À Lusa, a passageira queixou-se de falta de informação e disse que, depois de ver o seu voo cancelado, apenas conseguiu que lhe entregassem, na porta de embarque, um bilhete para um voo na quinta-feira pelas 07:30, o que a fez perder uma consulta médica importante no destino.

Da TAP esperava obter uma solução de alojamento.

Ainda que no interior do aeroporto, nas zonas em que era possível circular sem bilhete de avião, o ambiente fosse de aparente normalidade, com o check-in a decorrer, ao final da tarde tornou-se visível, à porta do Terminal 1, que havia muita gente retida devido à avaria.

Centenas de pessoas aguardavam ali ser chamadas para embarcar em voos no Terminal 2, esperando que uma assistente chamasse o número de voo para o qual iria abrir embarque, encaminhado os passageiros desses voos para os autocarros que os transportariam até aquela aerogare.