Em declarações à Renascença, Rute Agulhas adiantou que "até o momento, o Grupo Vita recebeu 46 pedidos, pessoas que que nos contactaram, manifestando a sua vontade em poder vir a receber alguma compensação financeira pelos abusos que sofreram na infância e na adolescência".
Cerca de 70% são homens e cerca de 30% "correspondem a situações ocorridas em congregações religiosas, portanto a maioria dos casos aconteceu nas dioceses”, refere.
Questionada sobre os valores que as vítimas vão receber — o Correio da Manhã avançava este fim de semana com estimativas a rondar os 25 a 5 mil euros por vítima, tendo por base o que aconteceu em outros países —, Rute Agulhas diz que "qualquer estimativa que seja feita neste momento é mera especulação".
Não há para já "qualquer indicação do valor que as diferentes pessoas poderão eventualmente vir a receber".
Recorde-se que os pedidos de compensação financeira para as vítimas de abusos sexuais na Igreja católica vão ser analisados por duas comissões, uma das quais avalia os factos e outra os montantes a atribuir.
Nesse processo serão tidos em conta critérios como o tipo de abusos sexuais praticados, a duração e frequência do abuso, a idade da vítima e do agressor no momento do abuso, as estratégias utilizadas pelo agressor, a natureza da relação entre vítima e agressor ou o grau de vulnerabilidade da vítima.
O número de agressores, o local do abuso, a reação da família, da comunidade ou da Igreja à denúncia – caso não tenham acreditado ou caso tenha havido encobrimento há uma agravante – e os custos dos cuidados médicos e/ou psicológicos devido ao abuso serão outros critérios.
A Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) recebeu, em fevereiro de 2023, um relatório da Comissão Independente para o Estudo dos Abusos Sexuais de Crianças na Igreja Católica em Portugal, que validou 512 testemunhos, num total de 564 recebidos, relativos a casos ocorridos entre 1950 e 2022.
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