Foi anunciado que, a 3 de março, os bispos iriam receber a lista que contém os nomes dos alegados abusadores no seio da Igreja Católica — mas há quem diga que ainda não recebeu o documento. É o caso das dioceses de Bragança-Miranda, Santarém e das Forças Armadas e de Segurança.

A Diocese de Bragança-Miranda, "atualmente em sede vacante", ou seja, sem bispo atribuído, adianta ao SAPO24 que "ainda não recebeu qualquer documento, vulgo 'lista', resultante do trabalho da Comissão Independente". "Logo que chegue será analisado e serão encetados os procedimentos necessários", diz fonte da Diocese.

Por sua vez, em comunicado enviado ao SAPO24, assinado pelo bispo de Santarém, D. José Traquina, é referido que "na passada sexta-feira, na Assembleia Plenária da CEP, não lhe foi entregue nenhum envelope com nomes de padres a investigar por denúncia de abusos".

Frisando que "a área geográfica da Diocese de Santarém corresponde apenas a 13 municípios dos 21 que constituem o distrito de Santarém" e que a diocese "foi criada em 1975 (há 48 anos) e o Relatório é referente ao período desde 1950 (há 72 anos)", é explicado que "houve casos referidos a Santarém no Relatório da CI que não se enquadravam na geografia e/ou no tempo histórico da Diocese, conforme comprovou o investigador".

"O Bispo de Santarém e a Comissão Diocesana de Proteção de Menores continuam disponíveis para escutar todas as pessoas que tenham motivo de denúncia de abusos ou comportamentos inadequados no seio da Igreja Diocesana e tudo farão para assegurar um ambiente seguro para as crianças e para todos", pode ainda ler-se.

Em resposta ao SAPO24, D. Rui Valério, bispo das Forças Armadas e de Segurança, refere também que "não foi entregue nenhuma lista, nem nenhum nome, nem na sexta-feira, dia 3 de março, nem em nenhuma outra ocasião".

"Não chegou ao meu conhecimento, nem ao conhecimento da Comissão Diocesana, nem tão pouco junto dos Organismos das Forças Armadas, ou das Forças de Segurança, qualquer denúncia de abuso relativa a qualquer Capelão, ou a qualquer Leigo, no âmbito das atividades do Ordinariato Castrense", frisou.

Associações de apoio especializado à vítima de violência sexual:

Quebrar o Silêncio (apoio para homens e rapazes vítimas de abusos sexuais)
910 846 589
apoio@quebrarosilencio.pt

Associação de Mulheres Contra a Violência - AMCV
213 802 165
ca@amcv.org.pt

Emancipação, Igualdade e Recuperação - EIR UMAR
914 736 078
eir.centro@gmail.com

"Mais informo que, sendo a Diocese das Forças Armadas e das Forças de Segurança, uma Diocese nominal e não territorial, onde os Capelães possuem uma dupla condição — são sacerdotes/clérigos e Militares ou Policiais — no caso de uma denúncia de abuso, ativa-se imediatamente um processo de averiguações, ou mesmo um processo disciplinar, comunica-se à Santa Sé, implementa-se o seu afastamento da Unidade e do contacto com as pessoas visadas e, ao mínimo indício de crime, comunica-se ao Ministério Público e à Polícia Judiciária competente", explica.

D. Rui Valério aponta que a Diocese reafirma o "total compromisso na máxima transparência e na tolerância zero relativamente aos abusos".

"Declaramos a nossa absoluta solidariedade para com as vítimas, disponíveis a garantir-lhes tudo o necessário para a sua recuperação, ou para diminuir o seu sofrimento. Reforçamos o nosso pedido de perdão", remata.