Os centros de tratamento da diabetes não vão conseguir colocar as novas bombas de administração automática de insulina aos doentes nas datas agendadas.

Segundo o Jornal de Notícias, um dos concorrentes do concurso público para a aquisição dos dispositivos, que garantem melhor controlo da doença e mais qualidade de vida aos doentes, interpôs uma ação em tribunal, que bloqueou o acesso dos hospitais do SNS e da Associação Protetora dos Diabéticos de Portugal (APDP) às bombas do segundo classificado do lote 2 do concurso.

João Raposo, o diretor clínico da APDP, confirmou à publicação que, no dia de ontem, começou a enviar e-mails aos doentes a informar que as bombas não iam ser colocadas nas datas previstas.

"Tínhamos 42 bombas agendadas para colocar em adultos e crianças”, referiu. “Isto só mostra como este processo [de aquisição das bombas por concurso público] é ineficaz, não resolve os problemas dos doentes e tem impacto no funcionamento dos serviços”, disse ainda.

Em junho já se tinha registado um atraso na colocação das bombas, uma vez que o Infarmed suspendeu, temporariamente, a comercialização das bombas de insulina da empresa chinesa Medtrum, que tinha ganho os lotes 1 e 2 do concurso, representando cerca de duas mil bombas de um total de 2442.

A suspensão deveu-se a um alerta de risco acrescido de hipoglicemia, feito por uma associação britânica de diabetologistas, e a alguns incidentes notificados em Portugal.

Na época, os centros de tratamento tiveram acesso ao lote 3 (466 bombas) e, para desbloquear o impasse, foram autorizados a recorrer ao concorrente, que ficou em segundo lugar nos dois primeiros lotes (Vital Aire).

Após tomar conhecimento do sucedido, o Bloco de Esquerda pediu para ouvir a direção da APDP, representada pelo presidente José Manuel Boavida, na Comissão de Saúde, sobre a suspensão de comercialização das bombas, decidida pelo Infarmed em junho, e o acesso aos dispositivos.

O JN entrou em contacto com o Infarmed, que garantiu estar a avaliar o processo “com base na informação recolhida, designadamente os incidentes notificados, a informação recebida dos utilizadores e dos operadores económicos envolvidos (fabricante, mandatário e distribuidor)”.