“Conseguimos hoje fazer a retirada da terceira e da quarta vítimas da zona do sinistro, o que para nós é extremamente importante, pois indica que todo o trabalho que temos estado a fazer de coordenação e prospeção no ‘teatro de operações’ tem produzido os seus resultados”, afirmou.

No ponto de situação operacional realizado hoje no quartel dos Bombeiros Voluntários de Borba, o coronel Duarte da Costa explicou aos jornalistas que os corpos hoje recuperados são os dos ocupantes de uma viatura submersa no plano de água de uma das pedreiras, a qual se encontrava “encaixada entre dois blocos de pedra, com a estrutura metálica muito deformada”.

O comandante operacional nacional de Proteção Civil disse que ainda se procurou resgatar dentro da água da pedreira esta terceira e quarta vítimas do deslizamento de terra e colapso da estrada municipal 255, entre Borba e Vila Viçosa, mas a operação teve de ser alterada.

“Tentou-se fazer o desencarceramento ainda dentro de água, mas, devido ao estado que a viatura apresentava”, com a deformação da estrutura metálica da carrinha de caixa aberta, as duas vítimas estavam encarceradas no interior, referiu.

Por isso, continuou, “foi decidido retirar a viatura para uma plataforma seca e, dentro de toda a segurança, fazer as operações de resgate das vítimas já fora de água”.

“Foi uma operação complexa, difícil, com algum grau de perigosidade, mas os nossos operacionais estiveram ao mais alto nível e correu tudo bem”, congratulou-se.

Questionado pelos jornalistas sobre se a Proteção Civil já sabe a localização da outra viatura automóvel, com um desaparecido, indicada como tendo caído dentro da mesma pedreira, na derrocada da estrada verificada no dia 19 deste mês, o coronel Duarte da Costa defendeu “prudência” e “cautela”.

“Eu prefiro dizer que não está localizada porque há muitas estruturas metálicas” e, anteriormente, “aquilo que pensávamos que era uma viatura veio apenas a transformar-se numa chapa metálica”, disse, frisando: “Vamos esperar e ter a certeza. Neste momento não tenho mais nenhuma viatura localizada”.

Mas, garantiu, até que seja descoberta “a viatura e a vítima” sobre as quais há informações, as autoridades vão envidar “todos os esforços” para as “poder recuperar”.

Sublinhando que se trata de “um trabalho contínuo”, o comandante operacional nacional de Proteção Civil deixou outra garantia: “Demore o tempo que demorar, nós vamos levá-lo até ao fim, até termos a certeza de que não há mais viaturas e mais vítimas” dentro do poço da pedreira mais profunda, cuja água continua a ser bombeada para o exterior, inclusive com substituição e reforço de bombas.

Em paralelo, acrescentou, vai prosseguir o trabalho de deteção daquilo que “poderão ser todas as estruturas metálicas que tenham uma forma parecida com uma viatura”, através dos equipamentos remotos da Marinha e dos mergulhadores.

O deslizamento de um grande volume de rochas, blocos de mármore e terra e o colapso de um troço de cerca de 100 metros da estrada municipal 255, entre Borba e Vila Viçosa, para o interior de duas pedreiras contíguas ocorreu no dia 19 deste mês às 15:45.

Segundo a Proteção Civil, o acidente provocou a morte de dois trabalhadores da empresa de extração de mármores da pedreira que estava ativa, um maquinista e um auxiliar de uma retroescavadora, cujos corpos já foram recuperados.

Na pedreira contígua que estava sem atividade e possui o plano de água mais profundo, e onde têm sido realizadas operações de drenagem, caíram as duas viaturas automóveis, com um total de três pessoas.

O Ministério Público instaurou um inquérito para apurar as circunstâncias do acidente, que é dirigido pelo Departamento de Investigação e Ação Penal (DIAP) de Évora, e duas equipas da Polícia Judiciária estão a proceder a averiguações.

O Governo pediu uma inspeção urgente ao licenciamento, exploração, fiscalização e suspensão de operação das pedreiras situadas na zona de Borba.