A conferência começou com a habitual leitura dos números do boletim por parte da ministra da Saúde, Marta Temido.

  • De acordo com a governante, existem atualmente 177 surtos ativos no país, sendo a região Norte a mais afetada, com 86. Os restantes surtos dividem-se da seguinte forma: nove no centro, 61 na Região de Lisboa e Vale do Tejo (RLVT), nove no Alentejo e 12 no Algarve.
  • Há 23 lares de idosos com surtos ativos em Portugal. "No total do país, lares com surtos ativos são 23, incluindo o surto de Reguengos de Monsaraz", disse a diretora-geral da Saúde, Graça Freitas.
  • A taxa de incidência a sete dias é agora de 22,9 novos casos por 100.000 habitantes e a 14 dias é de 38,2 novos casos por 100.000 habitantes, taxas que registam "uma tendência crescente", assumiu Marta Temido. De acordo com os números que divulgou, também o índice de transmissibilidade (RT) apurado entre 24 e 28 de agosto registou "uma tendência ligeiramente crescente". Este índice tem estado acima de 1 é agora de 1,16, disse.
  • "Os números da nossa situação epidémica estão a subir. Estão a subir desde há uma semana e situam-se agora em cerca de 340 novos casos diários. Esta é uma realidade", afirmou Marta Temido. A ministra acrescentou que os dados da última semana levam a constatar "uma maior transmissão da doença". No entanto, a governante lembrou que muitos dos novos casos estão relacionados com "surtos relativamente bem identificados", concretamente na região Norte que é onde tem "crescido mais". Nesse sentido, Marta Temido apelou para o "reforço das medidas de saúde pública" e para o uso da aplicação móvel de rastreio StayAway Covid.
  • A Ministra da Saúde confirmou a pretensão do Governo em avançar com a contratação de 950 novos médicos para reforçar o Serviço Nacional de Saúde (SNS)  — 911 para a área hospitalar e 39 para área de saúde pública. Assim, a governante confirma o concurso que já tinha sido publicado esta quarta-feira em Diário da República.
  • Ao fazer um breve balanço dos últimos seis meses, a ministra destacou que o SNS garantiu resposta às necessidades de assistência de todos os residentes em Portugal. "Hoje estamos mais preparados para enfrentar um eventual recrudescimento da pandemia. Temos mais recursos, mais organização e mais experiência".
  • Marta Temido sublinhou também que, como toda a Europa, Portugal enfrenta "um contexto complexo", com o regresso às aulas, a gripe sazonal e o habitual acréscimo de mortalidade nos meses de inverno, sobretudo na população mais idosa.
  • Questionada obre a preparação das normas para o próximo ano letivo, Marta Temido enfatizou que estão a ser preparadas normas, mas que estavam à espera da troca de informação da realidade de outros países europeus;
  • "Há um conjunto de processos que já estão a ser ultimados, mas gostava de sublinhar que também estamos a acompanhar aquilo que é a preparação e a evidência de outros países. Ainda esta segunda-feira decorreu uma reunião promovida pela Organização Mundial da Saúde (OMS) da Europa, onde os vários países, por video-conferência, trocaram aquilo que são as suas aprendizagens, os seus planos e  as suas experiências. É uma realidade muito sensível e complexa", aferiu. Ou seja, segundo a ministra, o Governo está a preparar os últimos detalhes ("regras mais específicas") para o arranque escolar, que avançará com as indicações da OMS;
  • "O princípio geral, como referi, é este que a OMS nos aponta: atividades interrompidas o mínimo possível, encerramentos o mais limitados possível, o mais localizados possível, e dirigidos a situações de controlo de risco bem identificados. É nesta lógica que se prepara um documento que será conhecido dentro de algumas dias", afirmou Marta Temido;
  • Ainda sobre este tópico, a diretora-Geral da Saúde, Graça Freitas, salientou que foi com muita satisfação na reunião de 31, "verificamos que estamos alinhados" com a OMS. Isto é, as aulas presenciais devem de avançar e deve ser feito um esforço para que se verifique o mínimo possível de interrupções. "A atividade letiva é muito importante para o desenvolvimento das crianças", justificou a responsável daquela entidade, antes dar conta que foram reveladas indicações às escolas em 3 julho e estão no site da DGS — indicações essas que permitiram que as escolas se fossem preparando;
  • Relativamente à abertura do curso de Medicina na Católica — a primeira universidade privada em Portugal em que tal acontece —, a ministra diz que se é uma situação da responsabilidade do Ministério da Ciência, da Tecnologia e do Ensino Superior, e que o Ministério da Saúde relativamente a esse tema a "única referência que faz" é de que "há muitos portugueses que procuravam tradicionalmente a formação superior nesta área em outros países".
  • "Esta oferta formativa será uma oportunidade para que tenham a sua formação cá dentro. Sendo um país que tem uma densidade de médicos por habitante que é confortável, mas que depois tem uma assimetria entre regiões e o setor público e privado, [a abertura do curso] será importante para esses jovens que queiram aceder a esta formação. Além do mais, a agência de Acreditação do Ensino Superior garante a qualidade dos cursos e será sempre essa garantia que temos enquanto Estado", revelou.
  • Colocada uma questão sobre o surto que vitimou 16 utentes num lar de luxo no Porto, a governante informou que está "em curso" um novo rastreio. Todavia, garantiu que "todos os óbitos que se registam por doença são revelados com total transparência", com a intenção de prestar o melhor esclarecimento possível;
  • Marta Temido confirmou cinco (dois enfermeiros e três assistentes operacionais) casos de covid-19 na Maternidade Alfredo da Costa (MAC). Porém, realçou que o surto "está ainda em investigação" e que é conhecida "uma ligação" entre estes casos. A ministra disse ainda que estão a ser tomadas todas as medidas habituais de controlo da infeção, tendo já sido realizados os testes de rastreio;
  • A decisão sobre o regresso do público aos estádios de futebol foi adiado. "Não há nenhum preconceito contra o futebol, temos é de ver o contexto em que estamos", revelou diretora-geral da Saúde, que deixou elogios à retoma do campeonato de futebol. Além de referir que a "retoma das competições na época passada correu muito bem", deu conta de que houve ao mesmo tempo "um comportamento exemplar" que "permitiu não ter surtos associados".
  • "Não há aqui nenhum tabu, nem nenhum preconceito contra o futebol, é obvio. Temos é que ver o contexto em que estamos. Temos de ver como acontece a retoma das aulas e ver o início do outono e do inverno. Público nos jogos de futebol é considerado uma atividade desejada, mas temos de ter estas cautelas. É importante que se diga este faseamento das questões", justificou Graça Freitas. Antes, a ministra da Saúde salientou que "teremos de ter a paciência para remeter para futuro decisões que não sejam essenciais".
  • Já quanto à realização da prova de Fórmula 1 em Portimão, Graça Freitas, indicou que a DGS deu um parecer favorável, para a presença de público no evento, como há muito foi confirmado. "À Fórmula 1 demos o parecer favorável. Até houve já um evento que serviu de piloto à Fórmula 1, as Superbikes, em 7 de agosto. Foi teste para ver como era o comportamento do público nas bancadas", recordou Graça Freitas. Por fim, sublinhou que este tipo de situações são "negociadas e dizem respeito a aspetos técnicos, regras de segurança e à vontade dos organizadores".