Esta posição foi transmitida por António Costa em entrevista hoje publicada pelo Jornal de Notícias, durante a qual nega a versão de que, por sua opção, o PS não procurou fazer um acordo escrito com o Bloco de Esquerda no início desta legislatura, logo após as eleições de 06 de outubro.

"Aí está uma história bastante mal contada", declara o primeiro-ministro.

Segundo o primeiro-ministro, "logo na noite das eleições [legislativas], o PS fez uma interpretação muito clara dos resultados: "O que os eleitores disseram foi que queriam a continuação da 'geringonça', agora com um PS fortalecido".

"O PCP disse logo que não era necessário que essa solução fosse renovada com base num documento escrito, escudando-se em generosas palavras do senhor Presidente da República que tinha libertado os partidos desse ónus. Pela nossa parte, a forma não era essencial. O BE manifestou publicamente a intenção de que pudesse haver um acordo escrito. Fomos negociar com o BE e, quando lá chegámos, foi-nos entregue um papel com pré-condições para negociar um acordo com o PS", conta o líder dos socialistas.

António Costa diz depois que essas pré-condições colocadas pelo Bloco de Esquerda "assentavam todas fundamentalmente na revisão da legislação do trabalho".

"Ora, tínhamos acabado de fazer essa revisão, que tinha entrado em vigor a 01 de outubro. Era sabido, à partida, que não poderiam ser aceites e informei a [coordenadora do Bloco de Esquerda] Catarina Martins de que isso não fazia sentido. Senti, da parte dela, total compreensão por essa posição e que não era obstáculo nenhum ao desenvolvimento dessa relação", refere o secretário-geral do PS.

Nessa entrevista ao JN, António Costa adianta que, lendo o programa eleitoral do PS, "verifica-se que, fruto das conversações com o PCP, PEV, PAN e BE, o Programa do Governo acolhe alterações como sinal de que se tenciona prosseguir a legislatura nas mesmas bases da anterior, agora alargada ao PAN e ao Livre".

"Um conjunto de medidas inscritas na proposta inicial do Governo foi fruto do diálogo com o PCP e o BE. Se não houvesse esse esforço da nossa parte, nunca teríamos dado o passo de propor à Comissão Europeia encontrar uma forma racional de procurar aproximar-nos de um compromisso que quer o BE quer o PCP tinham no seu programa (A redução do IVA da Luz)", acrescenta.