Um acordo histórico
Em junho de 2013, Hassan Rohani, que participou das primeiras negociações em 2003, foi eleito presidente e obteve o aval do líder supremo, o aiatolá Ali Khamenei, para desbloquear as discussões em torno de um acordo nuclear.
Após quase dois anos de intensas negociações, o acordo foi assinado em 14 de julho de 2015, em Viena, na Áustria. Teerão comprometeu-se a reduzir as suas capacidades nucleares por vários anos, em troca do fim das sanções internacionais.
O objetivo era impedir que o país asiático fabricasse uma bomba atómica, garantindo-lhe o direito de desenvolver atividades nucleares para fins civis, sob controlo estrito da Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA).
O acordo, validado pelo Conselho de Segurança da ONU em 20 de julho de 2015, entrou em vigor em 16 de janeiro de 2016.
Estados Unidos viram as costas
Contudo, no dia 8 de maio de 2018, o então presidente Donald Trump anunciou a retirada dos Estados Unidos do acordo e o regresso das sanções contra o Irão.
Washington restabeleceu então, unilateralmente, duras sanções a Teerão, em particular contra os setores petrolífero e financeiro.
Várias empresas internacionais interromperam as suas atividades e projetos no Irão.
Teerão reage
Em 8 de maio de 2019, o Irão começou a não cumprir algumas das suas obrigações no âmbito do acordo, com o objetivo de pressionar os outros signatários a ajudarem o país a contornar as sanções norte-americanas. Trump, por sua vez, estabeleceu novas restrições.
O Irão aumentou em resposta os níveis de enriquecimento e a quantidade de água pesada autorizada e, em janeiro de 2020, anunciou que já não estava disposto a respeitar nenhum limite ao "número de centrífugas", as máquinas que enriquecem o urânio.
Em 2021, anunciou que tinha produzido urânio enriquecido a 60%.
O regresso a Viena
Novas discussões começaram em Viena, em abril de 2021, e, com a chegada de Joe Biden à Casa Branca, os Estados Unidos foram convidados a participar de forma indireta.
Em 5 de agosto, o novo presidente iraniano, o ultraconservador Ebrahim Raisi (na foto), disse estar disposto a apoiar "qualquer plano diplomático" que permitisse o levantamento das sanções norte-americanas.
Em fevereiro de 2022, declarações otimistas indicavam a possibilidade de um acordo, mas a invasão russa da Ucrânia esfriou as discussões.
Em março, Estados Unidos e Irão acusaram-se mutuamente de bloquear o curso das negociações.
Entretanto, os EUA anunciaram sanções económicas aos fornecedores do programa de mísseis balísticos do Irão, que qualificou a medida de prova da "má vontade" por parte de Washington.
Advertência e sanções
Em 8 de junho, a AIEA adotou, a pedido de Estados Unidos, do Reino Unido, França e Alemanha, uma resolução em que criticava a falta de cooperação do Irão.
Em resposta, a República Islâmica desligou as câmaras de segurança da AIEA nas suas instalações nucleares.
A 16 de junho, Washington anunciou sanções contra grupos petroquímicos iranianos.
A 28 de junho, as discussões indiretas recomeçaram, entre norte-americanos e iranianos no Catar, tendo sido interrompidas após duas sessões, sem resultados.
Viena, outra vez
A 26 de julho, o titular de política externa da União Europeia, Josep Borrell, entregou um projeto de acordo e pediu às partes que o aceitassem para evitar uma "perigosa crise".
Em 4 de agosto, as partes - Irão, Rússia, China, França, Reino Unido e Alemanha - reuniram-se de novo em Viena, com participação indireta dos Estados Unidos.
Três dias depois, Teerão pediu à AIEA que arquivasse uma investigação sobre os locais nucleares não declarados, onde foram encontrados vestígios de urânio enriquecido.
No dia 8, o Irão começou a examinar o "texto final" apresentado pela UE e apresentou a sua resposta no dia 15.
Hoje, 16 de agosto, a Comissão Europeia anunciou que o texto "em consulta com os aliados".
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