"Este plano está pensado em diferentes contextos: a família, a escola, o contexto laboral, recreativo, desportivo, comunitário e espaços extremos que são as prisões e as pessoas ligadas à justiça", adiantou, em declarações aos jornalistas, a diretora regional da Prevenção e Combate às Dependências.
Suzete Frias falava à margem da segunda reunião de 2018 do Conselho Regional de Saúde, que dá hoje parecer sobre este e outros planos de promoção da saúde nos Açores.
Segundo a diretora regional, o plano tem políticas integradas e intersectoriais e inclui intervenções de promoção da saúde, prevenção, minimização de riscos, tratamento e reinserção.
Entre os exemplos das ações previstas está um programa focado nas grávidas, que pretende não só reforçar a mensagem de que não devem ingerir álcool na gravidez, porque traz riscos para o feto, mas também promover "competências em termos afetivo-emocionais, de maneira a sustentar e a promover também a vinculação do bebé".
"Está provado pelas evidências científicas que a não vinculação da mãe, a negligência, uma mãe ausente ou uma mãe menos atenta às necessidades do bebé, com uma relação menos vinculativa, faz com que o bebé tenha comportamentos que mais tarde podem ser fatores de risco das adições", salientou Suzete Frias.
Outro dos programas integrados neste plano é o "Prevenir em família e na comunidade", em que estão previstas sessões com pais, com crianças e em conjunto, para "promover a relação e a dinâmica familiar".
O plano prevê também formação para equipas de intervenção e comportamentos aditivos e dependências e para funcionários de casas de acolhimento de jovens, bem como intervenções no âmbito da saúde escolar.
Segundo a diretora regional, estão contempladas ainda ações de formação para cuidadores e para idosos, não só para sensibilizar para os riscos do consumo do álcool, mas para "treiná-los em competências de enfrentamento de situações críticas na velhice que levam muitas vezes à adoção de mau uso do álcool e até de medicação".
No Inquérito Regional de Saúde de 2014, 15% dos participantes admitiu ter bebido diariamente pelo menos uma bebida alcoólica nos 12 meses que antecederam a entrevista e 11% dos consumidores disseram ingerir cinco ou seis copos de bebidas alcoólicas numa ocasião, três ou mais dias por mês.
Suzete Frias disse, no entanto, que o mais grave não é a prevalência do consumo de álcool, mas a quantidade consumida nos Açores, que está acima da média nacional e está associada a doenças.
"Em termos de prevalências nas várias idades, estamos abaixo da média nacional, onde estamos acima é nos anos potenciais de vida perdida, devido a problemas relacionados com álcool. Apesar de beber menos gente, quem bebe, bebe muito mais", frisou.
O Conselho Regional de Saúde analisou também o Plano Regional de Alimentação Saudável, que prevê ações junto das escolas e de grupos de risco com estratégias baseadas na literacia alimentar, na confeção de alimentos e na alteração de hábitos de vida.
"O Inquérito Regional com Exame Físico demonstrou que os Açores são a região do país com maior número de diabetes, a segunda maior região do país com hipertensão arterial e com o maior número de pessoas sedentárias e obesas. Portanto queremos alterar esses fatores", salientou a diretora regional da Saúde, Tânia Cortez.
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