“O centro de interpretação tem o propósito de divulgar e promover uma atividade de características únicas na nossa região”, afirmou o secretário regional da Agricultura e Ambiente dos Açores, Neto Viveiros, na inauguração do espaço, que foi no passado escola e sede da junta.
Neto Viveiros referiu que a cultura do ananás se mantém “desde a primeira exportação para Inglaterra, em 1864” e “caracteriza a paisagem de São Miguel, com as suas estufas de vidro, pintadas de branco.
O governante recordou a história da cultura, assinalando que, “do fim do ciclo da laranja, ditado não só por questões sanitárias, mas também pelo advento de novas ligações a outras regiões do mundo produtoras de citrinos, surgiu a cultura do ananás”.
“Deixou, assim, de ser o ananás uma mera planta ornamental trazida para casas senhoriais para se constituir como uma produção lucrativa e que tão bons resultados trouxe aos Açores”, declarou, reconhecendo que esta cultura enfrentou, ao longo dos tempos, “variados obstáculos, duas grandes guerras causadoras de importantes revezes ao rentável negócio da exportação”, mas conseguiu sempre resistir.
Ainda assim, Neto Viveiros reconheceu que a economia do ananás não tem “a pujança dos primeiros tempos áureos”, referindo a este propósito que “os dois anos que medeiam entre a plantação e a colheita” do fruto “são, de facto, muito tempo” com custos de produção “mais elevados”.
Contudo, o secretário regional sustentou que “essa aparente desvantagem concorrencial deve, não só ser entendida como um desafio a vencer”, mas também como a principal vantagem competitiva, desafiando os produtores a transformar essas dificuldades em “boas oportunidades de negócios”, até porque nos Açores é produzido um “fruto único no país e em toda a Europa, isento de químicos e, por isso, altamente valorizável”.
“Esse modo de produção biológica pode e tem de ser valorizado comercialmente, assim como a cultura do ananás pode e deve ser valorizada localmente”, do ponto de vista cultural, gastronómico e turístico, apontou o governante.
As obras do Centro de Interpretação da Cultura do Ananás foram adjudicadas, pela primeira vez, em maio de 2012, mas o contrato com o primeiro empreiteiro acabou por ser cessado em março de 2015 por incapacidade deste em concluir a obra.
O espaço expositivo interativo mostra, entre outros aspetos, a história da atividade, as operações e maneios da cultura, assim como os avanços científicos e novos conhecimentos. O edifício inclui, ainda, uma sala de leitura com uma pequena biblioteca, onde estão disponíveis livros e documentação relacionada com a temática.
O Centro de Interpretação da Cultura do Ananás integra a rede de centros ambientais dos Açores, que soma já 18 infraestruturas, estando o número de visitantes a aumentar, de cerca de 68 mil em 2012 para 108 mil o ano passado.
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