Na madrugada de 2 de outubro de 2019, o furacão Lorenzo destruiu o único porto comercial da ilha das Flores, nas Lajes, a “infraestrutura mais afetada” no concelho pela intempérie, segundo o presidente do município, Luís Maciel.

A Portos dos Açores, empresa que gere as infraestruturas portuárias da região, calculou os estragos em 180 milhões de euros.

Dois anos depois, “estão a decorrer duas empreitadas” no local: uma de “proteção de emergência à estrutura do porto” e outra de “construção de uma ponte cais”, que vai permitir a acostagem das embarcações que atracavam anteriormente no porto.

No entanto, o autarca das Lajes lamenta que ainda não tenha sido lançado o procedimento para a principal empreitada.

“O que está ainda em falta e está mais atrasado é a construção do molhe principal de proteção e de acostagem. Ainda não temos informações. Temos vindo a acompanhar junto do Governo Regional e da Portos dos Açores, mas relativamente a essa empreitada ainda não temos grande informação”, adiantou.

“Até à data ainda não temos informações da previsão do arranque, mas gostaríamos obviamente que já estivesse numa fase mais avançada”, acrescentou.

Luís Maciel admitiu que “as obras marítimas são complexas” e “demoram algum tempo”, mas lembrou a importância do porto para a economia da ilha das Flores.

“Para nós era importante que o mais rapidamente possível fosse concluída a fase de projeto e de ensaios, que tem estado a decorrer, para logo que possível se avançar com o andamento da obra”, salientou, acrescentando que o município não conhece o projeto final nem a estimativa de prazo da obra.

Um despacho recente do gabinete do primeiro-ministro, que limitava o apoio do Governo da República à recuperação dos estragos provocados pelo Lorenzo a 198 milhões de euros (dos 313 estimados por um grupo de trabalho da Assembleia Legislativa da Região Autónoma dos Açores), levou o autarca das Lajes a endereçar um ofício ao presidente do Governo Regional com preocupações sobre a recuperação do porto.

“O concelho das Lajes não pode ser prejudicado na sua obra com a falta de algum compromisso e era fundamental garantir que a obra ia ser executada, tal como tinha sido planeado e anunciado”, frisou.

Luís Maciel defendeu que a infraestrutura “é fundamental para o concelho continuar a desenvolver-se e ter outra centralidade e outra coesão com o todo regional”.

“A estrutura que está prevista é uma estrutura bastante mais funcional, com mais valências, que vai permitir dotar o concelho de melhores condições para tudo o que tem a ver com as atividades que se desenvolvem no porto, desde a pesca, as mercadorias, ao transporte de passageiros e vai potenciar inclusivamente o turismo”, salientou.

Apesar de a última empreitada de recuperação do porto ainda não ter arrancado, o autarca assegura que a maior parte dos estragos registados no concelho já foi ou está a ser recuperada.

“As outras situações se não estão concluídas pelo menos já estão em andamento para serem resolvidas”, apontou.

No Faial, onde foi necessário realojar 44 pessoas no dia 2 de outubro de 2019, a maioria das obras também já está a decorrer, segundo o presidente do município, ainda em funções, José Leonardo Silva.

“Está razoável. Podia, na verdade, estar melhor, mas desenvolveu-se o processo para que consigamos todos minorar os estragos”, afirmou.

“Em termos de habitações está praticamente concluído”, acrescentou, adiantando que as restantes obras já se iniciaram ou estão prestes a arrancar.

O autarca lamentou a “demora” na adjudicação das empreitadas de recuperação da orla marítima, da responsabilidade do executivo açoriano, que, entretanto, mudou de cor política em novembro de 2020.

“Houve muito tempo. O governo parou todo o processo e levou muito mais tempo”, explicou.

O furacão Lorenzo provocou rajadas de vento que ascenderam aos 163 quilómetros/hora, de acordo com os registos do Instituto Português do Mar e da Atmosfera.

Na madrugada de 2 de outubro de 2019, a Proteção Civil dos Açores registou 255 ocorrências, sobretudo nas ilhas dos grupos central e ocidental. Tiveram de ser realojadas 53 pessoas, 44 das quais na ilha do Faial.