Nascido em 8 de maio de 1962 em Quinjenje, que na altura pertencia a Benguela e atualmente integra a província de Huambo, a dupla herança de Adalberto Costa Júnior (ACJ) advém de ser um mestiço que não participou na luta armada em Angola.
Essa dupla herança constitui igualmente um duplo desafio: o primeiro deita por terra as reiteradas acusações do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA, partido que governa Angola desde a independência em 1975) à alegada marginalização que era feita aos mestiços pela União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA).
ACJ compensa o não ter lutado de armas na mão na guerra civil angolana com um trajeto cosmopolita e apetecível a jovens urbanos, um setor em expansão em Angola, mercê da sua prolongada passagem pelas representações da UNITA no Porto (responsável pela JURA, estrutura juvenil), em Portugal (1991-1996), Itália eVaticano (1996-2002).
A sua juventude e carisma foram durante algum tempo arma de arremesso no seio da própria UNITA. Tratava-se de um “defeito” que lhe era apontado por dirigentes históricos da UNITA, partido que levou tempo a libertar-se do peso institucional do seu fundador e líder histórico, Jonas Savimbi, cuja morte em fevereiro de 2002 abriu as portas à reconciliação e ao início da normalização no país.
Olhado como um dos políticos mais populares de Angola, ACJ é um líder carismático que domina as redes sociais, indo assim ao encontro da população jovem angolana que não viveu nem a guerra pela independência nem a guerra civil, e cujos modelos de sociedade busca na Internet.
Regressado a Angola em 2003, passa a exercer o cargo de secretário Provincial da UNITA em Luanda, e até 2009 torna-se o porta-voz do partido.
Entre 2009 e 2011 foi secretário Nacional para os Assuntos Patrimoniais da UNITA e entre 2012 e 2015 foi eleito primeiro vice-presidente do Grupo Parlamentar da UNITA, passando a ser presidente dos deputados da UNITA entre 2015 e 2019.
É nesta altura que a sua notoriedade salta as fileiras da UNITA através das análises e intervenções no parlamento, na televisão e na rádio.
Formado em Engenharia Eletrotécnica no Instituto Superior de Engenharia do Porto e em Ética Pública na Universidade Pontifícia Gregoriana de Roma, ACJ não poupava nas críticas ao MPLA e as suas intervenções eram replicadas nas redes sociais Youtube, Facebook ou WhatsApp.
O seu peso e relevo colocaram-no na mira do atual poder em Angola. O Tribunal Constitucional inviabilizou a sua primeira eleição para a liderança da UNITA, em 2019, anulando o congresso que o elegera, obrigando o maior partido da oposição a repetir o processo.
Resolveu o óbice de ter dupla nacionalidade: portuguesa e angolana, com a renúncia à primeira e, na repetição do congresso que o levou à presidência do partido, ACJ obteve 96,43% dos votos dos congressistas.
Casado, com quatro filhos, numa entrevista em outubro de 2015 ao programa Fala Só, da Voz da América, ACJ confessa o sonho de ser autarca em Benguela.
O destino coloca-o agora na disputa da Presidência de Angola em que é um sério rival do atual chefe de Estado, João Lourenço.
Seja qual for o resultado da votação, uma previsão é desde já possível fazer: Adalberto Costa Júnior é um nome a contar num futuro próximo para Angola.
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