De acordo com o estudo Health Behaviour in School-aged Children (HBSC) 2018’, que é divulgado hoje em Lisboa, 21,8% dos adolescentes afirma que quando tem uma preocupação intensa, esta “não o larga” e “não o deixa ter calma para pensar em mais nada”.
O estudo HBSC, uma iniciativa da investigadora Margarida Gaspar de Matos, da Universidade de Lisboa, e da Equipa Aventura Social, é realizado em colaboração com a Organização Mundial de Saúde e conta com a participação de 44 países. Em Portugal, o primeiro estudo foi realizado em 1998, celebrando agora 20 anos.
Foram aplicados questionários online, em 42 agrupamentos sorteados de escolas do ensino regular de Portugal, num total de 387 turmas, havendo um estudo complementar nos Açores.
A amostra é representativa para os anos de escolaridade em estudo. Em Portugal Continental responderam 6.997 jovens do 6.º, 8.º e 10.º ano, a maioria (51,7%) raparigas, com uma média de idade de 13,73 anos.
O estudo pretende estudar os estilos de vida dos adolescentes em idade escolar nos seus contextos de vida, em áreas como o apoio familiar, escola, amigos, saúde, bem-estar, sono, sexualidade, alimentação, lazer, sedentarismo, consumo de substâncias, violência e migrações.
Segundo o inquérito, 16,2% dos jovens refere que, “sempre ou quase sempre, não é capaz de controlar coisas importantes da sua vida” e 17,1% afirma que “sempre ou quase sempre, sente que as suas dificuldades se acumulam de tal modo que não as consegue ultrapassar”.
Quase 28% diz que nunca ou quase nunca sente que as coisas lhe correm como queria, e 26,2% nunca ou quase nunca se sente confiante com a sua capacidade para lidar com problemas pessoais.
Os autores do estudo defendem a importância de, na família, na escola e na comunidade/autarquia, “estarem disponíveis ações com crianças e adolescentes que promovam a gestão e autorregulação das emoções, a resolução de problemas, a autoconfiança.
A nível familiar, o estudo revela que, apesar da situação ter melhorado nos últimos anos, apenas 22,5% das mães dos adolescentes têm um curso superior (e 15,5% dos pais).
Outra conclusão aponta que 85,5% dos pais e 85,1% das mães têm um emprego.
A maioria considera ser fácil falar com os pais, especialmente com a mãe (85,5%) e um quarto dos jovens confessa ter dificuldades em falar com o pai.
De acordo com HBSC, 71,7% vive com os pais na mesma casa. Dos que não vivem com ambos os pais, 36,3% vive com a mãe e raramente ou nunca está com o pai.
Mais de dois terços (68,8%) faz todos os dias refeições com os pais e 34,4% todos os dias toma o pequeno-almoço com os pais.
A grande maioria (83,7%) considera que o sítio onde vive é um sítio bom para viver.
Na sequência destes resultados, o estudo destaca a importância de estarem disponíveis na escola, nos locais de trabalho e na comunidade/autarquia ações com as famílias que “promovam o tempo e o convívio em família, a comunicação pais-filhos e, de um modo mais macro, a possibilidade da continuação do aumento da escolarização dos pais e das mães”.
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