Contactado pela Lusa, Aníbal Pinto confirmou a informação avançada hoje pelo diário Correio da Manhã e afirmou que a constituição de arguido surge no âmbito do processo relacionado com a investigação a Rui Pinto, sobre a alegada tentativa de extorsão ao fundo de investimento Doyen.
O advogado de Rui Pinto à data dos factos afirmou estar "tranquilo" e acrescentou que vai pedir o levantamento do sigilo profissional para se poder defender.
Aníbal Pinto diz não perceber porque foi constituído arguido três anos após os factos, sublinhando que se limitou a representar, à data, o seu cliente, o qual aconselhou a desistir de prosseguir com o alegado acordo com a Doyen.
Em causa está um crime de extorsão de forma tentada, em que Rui Pinto tentou, alegadamente, extorquir entre 500 mil e um milhão de euros à 'Doyen Sports'.
O Ministério Público conta que, na manhã de 03 de outubro de 2015, Nélio Lucas, representante legal da 'Doyen Sports', recebeu um email de Rui Pinto, que se identificou como Artem Lobuzov, informando-o de que estava na posse de informação confidencial relativa ao grupo 'Doyen'.
O jovem terá escrito estar disponível para não divulgar tais documentos, mediante contrapartida de uma “doação generosa”, a qual se situaria entre os 500 mil e o milhão de euros.
A 21 de outubro de 2015, de acordo com a investigação, realizou-se um encontro presencial entre Nélio Lucas e o seu advogado com Aníbal Pinto, advogado e em representação de Rui Pinto, numa estação de serviço da Autoestrada (A5), em Oeiras, que foi acompanhado de perto pela Polícia Judiciária, após queixa da 'Doyen Sports'.
Aníbal Pinto pretenderia celebrar um acordo com a 'Doyen', pois o seu cliente estaria disposto a receber a quantia acordada em prestações anuais (durante 3 a 5 anos), assegurando total confidencialidade do acordo que viessem a celebrar.
Contudo, o acordo não viria a concretizar-se.
Em prisão preventiva desde 22 de março, Rui Pinto, de 30 anos, foi detido na Hungria e entregue às autoridades portuguesas, com base num mandado de detenção europeu, estando indiciado pela prática de quatro crimes: acesso ilegítimo, violação de segredo, ofensa à pessoa coletiva e extorsão na forma tentada.
Na base do mandado estão acessos ilegais aos sistemas informáticos do Sporting e do fundo de investimento Doyen Sports e posterior divulgação de documentos confidenciais, como contratos de futebolistas do clube lisboeta e do então treinador Jorge Jesus, além de outros contratos celebrados entre a Doyen e vários clubes de futebol.
O colaborador do 'Football Leaks' terá entrado, em setembro de 2015, no sistema informático da Doyen Sports, com sede em Malta, e é também suspeito de aceder ao endereço de correio eletrónico de membros do Conselho de Administração e do departamento jurídico do Sporting e, consequentemente, ao sistema informático da SAD 'leonina'.
No período em que esteve detido na Hungria, Rui Pinto assumiu ser uma das fontes do 'Football Leaks', plataforma digital que tem denunciado casos de corrupção e fraude fiscal no universo do futebol, no âmbito dos quais estava a colaborar com autoridades de outros países, nomeadamente, França e Bélgica.
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