Diogo Lacerda Machado representou informalmente o Governo em várias negociações sensíveis, entre as quais a alteração da privatização da TAP levada a cabo na reta final do Governo de PSD/CDS-PP liderado por Pedro Passos Coelho.
As negociações entre o Governo da ‘gerinçonça’ (PS com apoio do PCP e BE) e o consórcio Atlantic Gateway, de Humberto Pedrosa e David Neeleman, que tinha adquirido uma participação de 61% na TAP, levaram a uma reconfiguração da estrutura acionista, baixando para 45% a parte privada e subindo para 50% a participação do Estado.
A polémica em torno do regime informal em que participou nestas negociações levou António Costa a avançar com um contrato com o advogado e seu amigo pessoal.
Em audição no parlamento, por requerimento do PSD, que exigiu explicações sobre o processo e o seu papel como “negociador”, o também antigo secretário de Estado da Justiça disse que começou a negociar a reconfiguração acionista da TAP com os privados “no dia a seguir à posse” de António Costa, “a pedido e sob instruções do primeiro-ministro” e do então ministro do Planeamento e das Infraestruturas, Pedro Marques, a quem prestou “apoio técnico por ter tido a convicção” que a experiência de 30 anos de advocacia e a “familiaridade com os temas da aviação comercial poderiam ser úteis ao Governo e ao país”.
Conhecido como “o melhor amigo” de António Costa, Lacerda Machado assumiu depois funções como administrador não executivo da TAP, tendo deixado a administração em abril de 2021, antes de terminar o mandato.
Segundo o Expresso, o então ministro das Infraestruturas, Pedro Nuno Santos, e Lacerda Machado “andaram meses em rota de colisão sobre a estratégia para a empresa”, tendo António Costa chegado a “intervir para corrigir o ministro”.
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