“Trata-se de propaganda sem qualquer fundamento”, disse hoje Fawad Aman à France Presse.

“As forças de segurança afegãs mantêm o controlo (…) ao longo das fronteiras e as principais cidades estão sob o nosso controlo. Os grandes eixos estão no nosso controlo”, acrescentou o porta-voz do Ministério da Defesa.

Desde maio que as forças talibãs levam a cabo uma ofensiva militar em vários pontos do Afeganistão e que decorre numa altura em que está prestes a chegar ao fim a operação de retirada dos militares dos Estados Unidos e da Aliança Atlântica que se encontram no país desde 2001.

A ofensiva dos talibãs contra as forças afegãs intensificou-se nos últimos meses sendo que os insurgentes controlam vastas zonas rurais, assim como importantes postos fronteiriços com o Irão, Turquemenistão, Tajiquistão e Paquistão.

Na quinta-feira, o porta-voz dos talibãs, Zabihullah Mujahid, disse que “cerca de 90% das fronteiras do país estão sob controlo” das forças “insurgentes” mas não forneceu mais detalhes sendo que é impossível verificar de forma independente a situação.

O governo afegão já tinha desmentido declarações anteriores sobre o controlo de 85% do território nacional que os talibãs reclamam dominar.

Na quarta-feira, o chefe do Estado Maior norte-americano, general Mark Milley, disse que os talibãs controlam “uma grande parte” dos distritos (subdivisão administrativa das províncias) mas não dominam as grandes cidades.

No passado dia 14 de julho, os talibãs apoderaram-se do posto fronteiriço de Spin Boldak que separa o território afegão do Paquistão.

A zona faz fronteira com a região paquistanesa do Baluchistão (sudoeste) perto de Quetta, onde supostamente se encontram importantes bases talibãs.

O posto fronteiriço de Spin Boldak faz igualmente a ligação entre o Afeganistão e o porto de Carachi.

Hoje, o governo afegão acusou os talibãs de terem assassinado mais de uma centena de civis em Spin Boldak.

“Com brutalidade (…) os talibãs atacaram as casas de afegãos inocentes, fizeram pilhagens e mataram 100 pessoas inocentes”, disse o porta-voz do Ministério do Interior do Afeganistão, Mirwais Stanekzai, através de uma mensagem difundida através da rede social Twitter.

O porta-voz do Ministério da Defesa repetiu o mesmo número de baixas na entrevista à France Presse.

“Infelizmente, em todos os locais onde tomam o controlo a primeira coisa que fazem é destruir as instalações públicas e ameaçar as pessoas, obrigam a deslocar os civis e pilham todos os bens. Isso, infelizmente, aconteceu em Spin Boldak”, disse o porta-voz do Ministério da Defesa.

“Foram mortos 100 civis”, afirmou.

Na quinta-feira, o Tajiquistão mobilizou o Exército para manobras de “preparação de combate” devido à situação no Afeganistão.

No total, 230 mil homens, entre militares, elementos das forças de segurança e reservistas, foram colocados em estado de alerta em todo o país para participarem no exercício Marz-2021.

“A situação no Afeganistão, nomeadamente nas regiões do norte e que fazem fronteira com o nosso país é de extrema incerteza e complica-se de dia para dia e mesmo de hora para hora”, disse o chefe de Estado do Tajiquistão durante uma parada militar.

De acordo com a agência de notícias oficial Khovar, em concreto, vinte mil soldados foram destacados para a fronteira com o Afeganistão.

O país, onde está localizada uma importante base militar russa, partilha 1.200 quilómetros de fronteira com o Afeganistão.

Na quinta-feira, o chefe de Estado do Tajiquistão manteve contactos com o Presidente russo Vladimir Putin tendo sido analisada a situação no Afeganistão.

Em agosto a Rússia vai comandar um exercício militar conjunto com as forças do Tajiquistão e do Uzbequistão perto da fronteira afegã.

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