Num comentário que publicou no seu ‘site’, citado hoje pelas agências EFE e Associated Press, Blair disse que a retirada do Afeganistão é "trágica, perigosa e desnecessária", e deve estar a ser aplaudida por “todos os grupos jihadistas em todo o mundo”.

Blair acusou o Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, de tomar a decisão de retirar do Afeganistão com base num "slogan político imbecil sobre o fim 'das guerras eternas'".

Tony Blair, 68 anos, primeiro-ministro entre 1997 e 2007, foi responsável pelo envio de tropas britânicas para o Afeganistão quando os Estados Unidos invadiram o país na sequência dos ataques do 11 de setembro de 2001.

Blair defendeu que a saída das forças estrangeiras não é do interesse do Ocidente ou do Afeganistão e lamentou o potencial revés ao que foi alcançado durante os 20 anos de ocupação aliada.

"Temos de retirar e dar refúgio" às pessoas pelas quais temos "uma responsabilidade", e aos "afegãos que nos ajudaram e estiveram connosco", disse Blair no seu comentário, com o título “Porque não devemos abandonar o Povo do Afeganistão - por eles e por nós”.

Blair admitiu que foram cometidos erros no Afeganistão, mas que a reação a esses erros “foi, infelizmente, mais erros".

O secretário de Defesa britânico, Ben Wallace, disse hoje que o Reino Unido dará "total apoio" aos EUA se Washington decidir prolongar a data de retirada do Afeganistão para resgatar os civis que querem fugir dos talibãs.

Segundo o Governo britânico, sete civis afegãos foram mortos nas últimas horas na situação caótica fora do aeroporto de Cabul, onde milhares de pessoas têm estado a tentar aceder ao terminal para fugir dos talibãs.

O grupo xiita ultraconservador assumiu o poder há uma semana, após uma ofensiva que coincidiu com o início da retirada das tropas estrangeiras do país, que negociou com a administração do presidente republicano Donald Trump em setembro de 2020, no Qatar.

Num comício no Alabama, no sábado, Trump criticou duramente o seu sucessor democrata, dizendo que a forma como Joe Biden lidou com a retirada das forças norte-americanas constitui a “maior humilhação em matéria de política externa” e a “mais espantosa demonstração de incompetência grosseira de um líder” dos EUA.