“A União Europeia de Radiodifusão (UER) informou hoje a Companhia Israelita de Radiodifusão Kan que a música “Hurricane”, interpretada por Eden Golan, foi aprovada e que Israel participará no Festival Eurovisão da Canção conforme planeado”, referiu a cadeia pública, responsável pela seleção da participação de Israel na Eurovisão, em comunicado.
“A decisão foi tomada pela comissão de acompanhamento do Festival Eurovisão da Canção, após discussão da letra da canção (…) e após audição da sua execução”, acrescentou a Kan, que irá apresentar o tema durante uma emissão especial no domingo.
O programa "HaKokhav HaBa" ("A Próxima Estrela") da emissora pública israelita selecionou há duas semanas a cantora Eden Golan para representar Israel no Festival Eurovisão da Canção 2024 com a canção "October Rain", que se refere ao brutal ataque do Hamas em solo israelita em 7 de outubro.
Inicialmente, a Kan discordou da ideia de alterar a letra, para atenuar o tom político, mas decidiu seguir o conselho do Presidente israelita Isaac Hezog, que na semana passada intercedeu entre a estação pública de televisão de Israel e a UER, que organiza o festival, para evitar a disputa.
"Penso que é importante para Israel participar na Eurovisão, e isto é também uma declaração, porque há inimigos que tentam expulsar-nos de todos os palcos", afirmou na altura Herzog.
Segundo a Kan, a EBU também não gostou da canção que ficou em segundo lugar na pré-seleção de Kan, intitulada "Dance Forever", sobre o massacre de 07 de outubro no festival de música eletrónica Nova, onde o Hamas matou mais de 360 pessoas.
A nova música "Hurricane", cuja letra não foi divulgada, faz um ‘cover’ da música de "October Rain", segundo a Kan.
A controvérsia sobre a letra da canção israelita surgiu entre vários apelos de representantes políticos e artísticos europeus à UER, para que vetasse a participação de Israel devido à guerra na Faixa de Gaza.
O organismo respondeu que a Eurovisão é um evento "apolítico", mas este argumento também foi criticado quando se recordou a rápida expulsão da Rússia na sequência da sua agressão militar contra a Ucrânia em 2022.
O 68.º Festival Eurovisão da Canção decorre em maio, em Malmo, na Suécia, 50 anos depois da primeira vitória daquele país com o tema “Waterloo”, dos ABBA.
Israel foi o primeiro país não europeu a poder participar no concurso de música, em 1973, e ganhou quatro vezes, incluindo com a cantora transgénero Dana International, em 1998.
A 07 de outubro do ano passado, combatentes do Movimento de Resistência Islâmica (Hamas) – desde 2007 no poder na Faixa de Gaza e classificado como organização terrorista pelos Estados Unidos, a União Europeia e Israel – realizaram em território israelita um ataque de proporções sem precedentes desde a criação do Estado de Israel, em 1948, fazendo 1.163 mortos, na maioria civis, e cerca de 250 reféns, 130 dos quais permanecem em cativeiro, segundo o mais recente balanço das autoridades israelitas.
Em retaliação, Israel declarou uma guerra para “erradicar” o Hamas, que hoje entrou no 153.º dia e continua a ameaçar alastrar a toda a região do Médio Oriente, tendo feito até agora na Faixa de Gaza mais de 30.800 mortos, pelo menos 72.298 feridos e cerca de 7.000 desaparecidos soterrados nos escombros, na maioria civis, de acordo com o último balanço das autoridades locais.
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