"Decidi demitir-me do cargo de Presidente da República com efeitos imediatos, apesar de discordar da direção do meu partido", afirmou Zuma, numa declaração ao país transmitida pela televisão.

A declaração foi feita horas depois de Zuma ter recusado ceder à exigência do partido, que na segunda-feira lhe deu 48 horas para se demitir, e afirmado que aceitaria contudo a decisão do Parlamento, que tem previsto votar na quinta-feira uma moção de censura.

Jacob Zuma, no poder desde 2009, tem estado sob intensa pressão para ceder o lugar ao seu vice-Presidente e novo líder do ANC, Cyril Ramaphosa.

A declaração foi feita horas depois de, numa entrevista, Zuma ter recusado ceder à exigência do partido, que na segunda-feira lhe deu 48 horas para se demitir, e afirmado que aceitaria contudo a decisão do parlamento, que tem previsto votar na quinta-feira uma moção de censura.

No final de um longo discurso na televisão sul-africana, Zuma anunciou aquilo que há muito partido lhe exigia: a demissão. Demitiu-se, mas diz discordar da forma como o ANC agiu contra ele.

Diz também não temer a moção de censura desta quinta-feira, 15 de fevereiro.

Há um ano que a impopularidade do chefe de Estado não cessa de aumentar, devido sobretudo à demissão do respeitado ministro das Finanças Pravin Gordhan, em março de 2016, criticada dentro do próprio partido e que levou milhares a manifestarem-se nas ruas para exigir a renúncia de Zuma.

O poder de Zuma tem vindo a diminuir desde que o seu vice-presidente, Cyril Ramaphosa, lhe sucedeu, em dezembro, à frente do ANC, ficando bem posicionado para se tornar chefe de Estado da África do Sul nas eleições do próximo ano.

Ramaphosa fez do combate à corrupção governamental uma das prioridades durante a pré-campanha e a campanha para a liderança do ANC.

Nos casos que alegadamente envolvem o Presidente da República, está causa sobretudo determinar a extensão de eventuais crimes cometidos pelos três irmãos Gupta, família de origem indiana que domina os negócios na África do Sul e que está também a ser investigada pelos serviços secretos do FBI.

Além das acusações de que Zuma esteja a favorecer as atividades empresariais dos irmãos, o FBI investiga fluxos de caixas suspeitos, enviados pelos Gupta diretamente da África do Sul para o Dubai e para os Estados Unidos.

A oposição sul-africana considera que Ajay, Atulk e Rajesh Gupta asseguraram junto de Zuma importantes posições na administração sul-africana, pagando somas avultadas em dinheiro e permitindo ganhar concursos públicos no valor de centenas de milhões de dólares.