“Hoje, a República Islâmica informou-me da sua decisão de retirar a autorização de vários inspetores experientes da Agência”, escreveu o diretor-geral da AIEA, Rafael Grossi, em comunicado.
Com esta medida, que surge depois de outro caso recente, “o Irão retirou um terço do grupo central” de peritos, o que “afeta direta e drasticamente” a capacidade da AIEA para levar a cabo a sua missão e garantir a natureza pacífica das atividades nucleares do programa iraniano, lamentou.
Esta decisão “unilateral, desproporcionada e sem precedentes” é “mais um passo na direção errada” e “desfere um golpe desnecessário numa relação já tensa”, declarou Grossi, apelando a Teerão para “rever a sua posição” e “corrigir a situação”.
Há mais de dois anos que a AIEA trabalha para inspecionar o programa nuclear iraniano, que continua a crescer, apesar de Teerão negar que queira desenvolver uma bomba atómica.
Os Estados Unidos e os três países europeus reunidos no grupo E3 (França, Alemanha e Reino Unido) ameaçaram esta semana o Irão com uma nova resolução na reunião do Conselho de Governadores em Viena, sede da AIEA.
“O Irão persiste na sua recusa deliberada em colaborar com a Agência”, afirmaram. “Se não implementar as ações essenciais e urgentes” necessárias, o Conselho “deve estar preparado para tomar novas medidas”.
Desta vez, as potências ocidentais optaram por uma “declaração conjunta” apoiada por 60 países, instando Teerão a “agir imediatamente” para resolver as divergências com a AIEA.
Em resposta à retirada unilateral dos Estados Unidos, decidida em 2018 pelo então Presidente Donald Trump, a República Islâmica libertou-se gradualmente dos compromissos assumidos ao abrigo do acordo de 2015 conhecido pelo acrónimo JCPOA.
O pacto deveria limitar as atividades nucleares do Irão em troca do levantamento das sanções internacionais.
As discussões em Viena por várias partes interessadas para relançar o acordo fracassaram no ano passado.
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