Em declarações à SIC, Nuno dias, da Slide in Travel, avançou que agência apresentou queixa contra o hotel por “incumprimento do contrato no que se refere ao regime de tudo incluído”.
“Desde o primeiro dia que esse regime de tudo incluído não se verificou. A propriedade alega que o regime foi sofrendo ajustes face ao comportamento dos alunos, nomeadamente o bar aberto”, exemplificou o responsável.
Além disso, conta Nuno Dias, o hotel também não cumpriu o que estava contratualizado ao nível do buffet. “Introduziu sempre comida muito igual, sem dar opção de peixe ou sopa”.
A par, relata, “não foi cumprido o serviço de limpeza, dando-se como justificação o facto de os miúdos estarem sempre a dormir durante a manhã, o que é normal. Estamos a falar de adolescentes em viagem de finalistas, que têm festas todas as noites que terminam entre as seis e sete da manhã. O que não é normal é o hotel não reajustar os seus horários para receber um grupo com estas características”, disse.
Ainda no que à limpeza diz respeito, Nuno Dias conta que, por exemplo, não era feita a substituição de toalhas, “numa posição quase de represália relativamente ao comportamento dos alunos”.
O responsável relata ainda desrespeito pela privacidade dos alunos. “A segurança do hotel entrava nos quartos sem sequer bater à porta”, conta.
Questionado sobre o controlo do consumo de álcool nestas viagens, Nuno Dias explicou que à entrada o hotel faz uma diferenciação - através da colocação de uma pulseira - entre menores e maiores de idade. Além disso, conta, os representantes da agência no local fazem uma “observação constante” no sentido de evitar exageros.
Face a estas situações, “vamos exigir do hotel a devolução das cauções retidas”, concluiu Nuno Dias.
Quando questionado sobre o alegados estragos na unidade hoteleira provocados pelos finalistas, o responsável da Slide in Travel afirma: “foi-me apresentada uma única situação, a de um quarto sem um bocado de estuque”, diz, acrescentando que se mostrou disponível para ressarcir o hotel por este estrago, mas que a direção foi “inflexível”.
A direção, acrescenta, teve “uma atitude um pouco xenófoba relativamente ao grupo, porque se referia sempre aos portugueses como sendo mal educados, mal comportados, que comiam muito e bebiam muito”.
O hotel, que reteve uma caução de 35 mil euros, exige 50 mil euros pelos estragos causados. “Não vi estragos que se traduzam nesse valor”, assegura Nuno Dias.
O hotel localiza-se em Los Álamos, uma zona de Torremolinos, perto de Benalmádena.
Sobre a eventual responsabilização dos alunos pelos alegados estragos, Nuno Dias considera que isso não irá acontecer uma vez que não foram documentados esses estragos e não foram identificados eventuais responsáveis.
Na mesma linha, Inês Mota, uma das sócias da agência de viagens Slide in Travel explicou à Lusa que o proprietário do hotel não deixou os representantes da agência entrarem “no local para aferir os alegados estragos”.
A responsável acusou o hotel de ter “uma atitude intolerante e incorreta”, até porque se recusou a devolver as cauções dos portugueses embora não tenha apresentado os estragos.
“Quando [os finalistas portugueses] fizeram o ‘check out’, não lhes foi devolvida a caução de 50 euros que fizeram quando se alojaram. O proprietário do hotel alegou que seria para cobrir os estragos que os jovens fizeram, mas não deixaram os elementos da nossa agência que está em Espanha entrar no local para aferir os alegados estragos”, disse.
Inês Mota sublinhou ainda que os alunos portugueses não foram expulsos pelo hotel, tendo cumprido “o programa que estava previsto” e saído no dia em que acabava o programa.
Em entrevista ao SAPO24, dois alunos deram conta da sua versão dos factos. “O que tem saído nas notícias é um exagero”, garantem, deixando fortes críticas às condições do serviço da unidade hoteleira e à forma como os estudantes foram tratados.
O hotel, que cancelou a conferência de imprensa marcada para esta segunda-feira, fala em estragos avultados: “sim, destruíram muitas coisas, temos muito prejuízo”, avançam, sem porém detalhar. É esperada a divulgação de um comunicado ainda esta segunda-feira.
Uma fonte da polícia em Torremolinos disse à agência noticiosa EFE que nos últimos dois dias as autoridades tiveram de atuar em várias ocasiões no Hotel Pueblo Camino Real, perto da cidade de Málaga, onde estavam instalados os jovens portugueses.
(Notícia atualizada às 12h55)
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