"O Turismo volta (este ano) a impulsionar o crescimento do país e a ajudar um mundo antigo, caraterizado pelo medo das diferenças, a modernizar-se e aproximando as pessoas. Está a ser um ano feliz", afirmou o presidente da Associação Portuguesa das Agências de Viagens e Turismo (APAVT), Pedro Costa Ferreira, à Lusa, por ocasião do Dia Mundial do Turismo que hoje se celebra.

Uma celebração que para o presidente da Associação da Hotelaria de Portugal (AHP) se faz com todos aqueles que trabalham neste setor em crescendo.

"Celebrar o Dia Mundial do Turismo é celebrar com mais de cinco centenas de milhares de portugueses que decidiram fazer carreira nesta atividade. Celebrar este dia é celebrar uma atividade que é absolutamente instrumental na recuperação do nosso país, que lidera essa recuperação", disse Bernardo Trindade à Lusa.

O Conselho Mundial de Viagens e Turismo (WTTC) estima que o setor das viagens e turismo em Portugal vá contribuir com 40.400 milhões de euros para o Produto Interno Bruto (PIB) em 2023, superando o recorde de 40.100 milhões de 2019.

Segundo o Relatório de Impacto Económico (EIR, do inglês Economic Impact Research) do WTTC, divulgado em 18 de julho, o setor deverá criar cerca de 30.000 postos de trabalho este ano, atingindo os 950.000 trabalhadores e ficando apenas 68.000 empregos abaixo do nível de pouco mais de um milhão de 2019.

A entidade global do turismo prevê que o setor aumente a contribuição para o PIB para 56.400 milhões de euros até 2033, representando mais de um quinto (21,1%) da economia portuguesa.

Na próxima década, as viagens e o turismo poderão empregar mais de 1,2 milhões de pessoas em todo o país, com uma em cada quatro pessoas a trabalharem no setor, preveem.

No ano passado, a contribuição das viagens e turismo para o PIB cresceu 61,6%, atingindo quase 38.000 de euros, representando 15,8% da economia portuguesa tendo o setor criado mais 83.000 empregos em relação ao ano anterior, atingindo os 921.000 postos de trabalho.

Assim, de acordo com o último relatório do WTTC, o setor já recuperou mais de 90% do nível pré-pandémico de empregos.

O Instituto Nacional de Estatística (INE) divulgou em 14 de setembro que a atividade turística rendeu proveitos de 3.200 milhões de euros entre janeiro e julho, mais 26,1% do que no mesmo período de 2022, tendo registado 42,8 milhões de dormidas, mais 14,8%.

No entanto, para Bernardo Trindade celebrar esta atividade hoje "também é reconhecer as externalidades negativas" do setor.

"Nunca o escondemos, é uma realidade, mas cumpre às entidades, cumpre às associações regularem e regulamentarem esta atividade em prol dos cidadãos e em prol de Portugal", afirmou.

Em 21 de setembro, em Macau, o secretário de Estado de Turismo, Comércio e Serviços de Portugal, disse que a aposta no turismo sustentável significa também que “o benefício" do setor "tem de ser para todos”.

No futuro “só os destinos turísticos que apostem na sustentabilidade serão competitivos”, disse Nuno Fazenda, no primeiro dia do Fórum Global de Economia e Turismo (GTEF, na sigla em inglês).

Mas, para “afirmar Portugal como um destino turístico sustentável”, “temos que ver o turismo para além do turismo. É muito mais do que hotéis, agências de viagens e animação turística”, acrescentou o governante, lembrando ainda que esta indústria tem um efeito transversal em áreas como “transportes, construção sustentável, agroalimentar, proteção da costa, das florestas, da biodiversidade”.

Em 19 de setembro, a Organização Mundial do Turismo (OMT) disse que o turismo internacional continua a recuperar da crise pandémica, com o número de chegadas a alcançar até julho 84% do nível anterior à covid-19.

Desde o início do ano, 700 milhões de turistas fizeram viagens internacionais, 43% mais do que no mesmo período de 2022 e julho foi o mês de maior atividade, com 145 milhões de viajantes internacionais registados, cerca de 20% do total.

As perspetivas até ao fim do ano apontam para uma recuperação contínua, mas a um ritmo mais moderado, depois da época alta de viagens.