“É uma redução de 69%, muito significativa para as reservas de água e um sinal de que todos estão a fazer um esforço para enfrentar a pior seca de sempre na região”, referiu José Pimenta Machado.
No mesmo sentido da agricultura e do golfe, também o setor urbano reduziu em 0,5% o consumo de água em fevereiro, mas ainda aquém dos 15% que constam das medidas de contingência propostas pela Comissão da Seca e aprovadas pelo Governo.
Para a rega agrícola, a comissão definiu uma redução em 25% do consumo e de 18% para a rega dos campos de golfe.
Para o responsável da APA, a redução do consumo nestes setores demonstra que “as medidas estão a resultar, num esforço que está a ser feito por todos” os setores em conjunto.
“É verdade que em janeiro e fevereiro não se rega, mas mesmo assim, verifica-se um grande esforço, sendo uma percentagem muito animadora e muito importante”, sublinhou.
Para Pimenta Machado, os consumos em fevereiro em todos os setores — urbano, turismo e agrícola -, refletem “a grande cooperação, trabalho de equipa e compromisso para enfrentar este grande desafio”, acrescentou.
“É verdade que algumas medidas estão em fase de implementação, mas é preciso reorganizar, planear, porque há outras que têm alguma complexidade técnica e que obrigam aqui a um esforço maior para serem implementadas”, apontou.
Para fazer um balanço das medidas atualmente em vigor e definir outras a aplicar, está prevista para meados de março uma reunião de coordenação geral entre a APA, a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional (CCDR) e a Comunidade Intermunicipal do Algarve (AMAL).
A reunião visa também definir o modelo de governação dos cinco grupos de trabalho técnicos (GT) especializados: o GT1- agricultura e golfe; GT2-turismo; GT3-gestão da água em baixa; GT4-campanhas de sensibilização e o GT5-fiscalização.
Face à situação de seca extrema que o Algarve enfrenta e para sensibilizar a população para a importância de poupar água, a Agência Portuguesa do Ambiente vai lançar em breve o portal da seca, uma aplicação informática.
“É uma aplicação que visa informar todos os cidadãos para as reservas de água nas albufeiras e os consumos nos diversos setores e alertar comportamentos mais sustentáveis”, notou.
Através da aplicação, os cidadãos podem monitorizar e acompanhar a evolução no momento, quer dos consumos nos vários municípios, bem como das reservas das albufeiras e das águas subterrâneas.
“No fundo, serve para monitorizarmos os consumos e percebermos se estamos ou não a conseguir atingir o objetivo de reduzirmos o consumo de água”, concluiu.
O Algarve está em situação de alerta devido à seca desde 05 de fevereiro, tendo o Governo aprovado um conjunto de medidas de restrição ao consumo, nomeadamente a redução de 15% no setor urbano, incluindo o turismo, e de 25% na agricultura.
A estas medidas somam-se outras como o combate às perdas nas redes de abastecimento, a utilização de água tratada na rega de espaços verdes, ruas e campos de golfe ou a suspensão da atribuição de títulos de utilização de recursos hídricos.
O Governo já admitiu elevar o nível das restrições, declarando o estado de emergência ambiental ou de calamidade, caso as medidas agora implementadas sejam insuficientes para fazer face à escassez hídrica na região.
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