“A ilha italiana é o porto europeu mais próximo. A partir de lá, os resgatados podem ser levados para um local seguro e assim o exige o direito internacional”, disse, num comunicado, a Organização Não-Governamental (ONG) See Eye, à qual pertence a embarcação.
A tripulação do barco recusou uma oferta da guarda costeira líbia para atracar no porto de Sawija.
“A Líbia não é um local seguro para ninguém”, explicou a fonte da organização, acrescentando que um dos refugiados assegurou que um companheiro de fuga morreu na fronteira líbia, devido a disparos das forças de segurança.
Os centros de salvamento de Roma e La Valetta não responderam às comunicações do barco, enquanto o centro de Bremen (Norte da Alemanha) reagiu imediatamente e informou o Ministério dos Negócios Estrangeiros.
Entre os 65 migrantes, 39 são presumivelmente menores de idade e calcula-se que o mais novo tenha 12 anos.
A decisão da tripulação do Alan Kurdi pode gerar novos atritos entre a Itália e a Alemanha após o ocorrido com o See Watch 3 e a detenção da sua capitã, Carola Rackete, que já foi libertada.
O ministro do interior italiano, Matteo Salvini, tinha advertido que o Alan Kurdi não podia atracar nas costas italianas nem sequer no caso de que outros países se comprometessem a acolher os migrantes e pediu numa carta ao seu homólogo alemão, Horst Seehofer, que assumisse a responsabilidade do barco.
Os migrantes foram resgatados pelo Alan Kurdi em águas internacionais perto da costa líbia numa lancha com combustível, mas sem equipamentos de orientação.
O navio Alan Kurdi foi batizado pela Sea-Eye em homenagem ao menino sírio cujo corpo foi encontrado numa praia turca em 2015.
Itália mantém uma política “de portos fechados” às embarcações das ONG, acusando estas organizações, e os respetivos navios humanitários, de encorajar a imigração ilegal.
Na semana passada, a capitã do navio de uma outra ONG alemã, o Sea-Watch 3, atracou, sem autorização, na ilha italiana de Lampedusa para realizar o desembarque de 40 migrantes resgatados ao largo da Líbia que estavam há vários dias a bordo do navio humanitário.
A capitã Carola Rackete foi detida e libertada três dias depois.
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