O calendário da vacinação em Portugal sofreu um revés, devido ao stock mais limitado de vacinas disponível. Ontem, o coordenador da task force admitiu que já existem vários concelhos onde "esgotaram as vagas que havia para o autoagendamento", hoje o Público noticia que o alargamento do autoagendamento aos jovens a partir dos 20 anos vai ser adiada.

De acordo com o mesmo jornal, o calendário original da vacinação apontava o dia 14 de julho como como data de arranque da possibilidade de marcação online da vacinação para os jovens a partir dos 20 anos, mas tal só deverá acontecer na próxima semana.

"A ideia, agora, é abrir o autoagendamento logo a partir dos 18 anos, em vez de ser apenas a partir de 20 anos, todos ao mesmo tempo, e na próxima semana”, disse ao Público fonte do grupo de trabalho que coordena o plano de vacinação.

No entanto, Henrique Gouveia e Melo, coordenador da task force, relembra que o autoagendamento é apenas uma forma de marcação da vacina e que "há concelhos que já estão a agendar localmente pessoas a partir dos 18 anos". "Mas no autoagendamento quero evitar uma corrida que leve a que se criem filas de espera. Por isso pensamos abrir [este processo] só para a semana e incluindo não só os 20 anos mas também os 18 anos”, explicou.

A 12 de julho ficou disponível o autoagendamento da vacina contra a covid-19 para pessoas com 23 ou mais anos no portal da Direção-Geral da Saúde destinado a estas marcações.

Na sequência da fase 2 do plano de vacinação e de um maior número de vacinas recebidas por Portugal, o portal para autoagendamento entrou em funcionamento em 23 de abril para pessoas com 65 ou mais anos e, desde então, tem ficado disponível para marcações das faixas etárias dos 50, 40 e 30 e, mais recentemente, dos 23 anos.

Há 90 mil pessoas em lista de espera

Gouveia e Melo revelou ao Público que na segunda-feira "estavam 90 mil pessoas em lista de espera" para serem vacinadas.

"Vacinámos, nas duas últimas semanas, 1,7 milhões de pessoas entre segundas e primeiras doses”, relembra o almirante, sublinhando que Portugal vai atravessar agora um período "de menor entrega de vacinas" e que tal terá impacto no ritmo de vacinação.

Questionado sobre se é compreensível a frustração dos mais jovens, cujas idades não estão ainda incluídas no programa Casa Aberta, que permite a vacinação sem marcação, o coordenador da task force responde assim: “acho que a frustração deles não deve ser contra o processo de vacinação, mas sim contra a quantidade de vacinas disponíveis em território nacional".

Gouveia e Melo defende que "o que não faria sentido para proteger esses jovens seria desproteger os pais dos jovens. O que dissemos é que vamos conseguir chegar a 70% da população [com pelo menos uma dose] entre 8 e 15 de agosto. Ainda faltam 30%, percentagem concentrada nas camadas mais jovens. Posso dizer que até ao fim de agosto, início de setembro, quase todos os jovens vão ter acesso à primeira dose da vacina. É o que posso prometer face ao que está acordado chegar em termos de vacinas a Portugal”, assume.