Em declarações à Lusa, o presidente do município de Alcanena, no distrito de Santarém, lembrou as fragilidades resultantes de um “desinvestimento de 15 anos”, tendo indicado estar em curso um “investimento de quase 300 mil euros na renovação da infraestrutura informática e na segurança da mesma, através da aquisição de infraestruturas para armazenamento de dados informáticos e de sistemas de cibersegurança, com vista ao aumento da produtividade e à simplificação de processos”.
“Está tudo ligado. Na realidade, nós já tínhamos este plano, que tencionávamos iniciar este ano, e o que é verdade é que, se calhar, no limite, até para bem de todos, o ataque informático colocou a nu duas fragilidades. A auditoria forense é clara sobre isso, fala em 15 anos de desinvestimento”, afirmou à Lusa Rui Anastácio.
No dia 15 de novembro de 2023, em conferência de imprensa, o presidente da Câmara de Alcanena disse que o ataque ao sistema informático do município, que ocorreu a 06 de novembro daquele ano, foi “destrutivo” e de “grande gravidade”, tendo indicado que “os prazos de resposta da autarquia se encontram suspensos”, situação que se prolongou por alguns meses.
“Portanto, vamos ter de dar resposta a este plano, que é um problema sério que afetou de uma forma terrível os nossos serviços, que obrigou a que todos nós nos superássemos a trabalhar de dia e de noite, para repor os dados que tínhamos de repor e que perdemos, mesmo na área financeira, recursos humanos e do urbanismo, onde queremos fazer uma progressão e queremos, de facto, saltar para um outro patamar”, disse o autarca.
Questionado sobre se os efeitos do ataque cibernético ainda hoje se fazem sentir nos serviços municipais, Anastácio disse que “as grandes consequências estão ultrapassadas” e que “o grosso do problema está resolvido”, tendo indicado, no entanto, “ainda surgirem, no dia a dia, pequenos problemas associados ao grande problema”.
Rui Anastácio destacou “um grande investimento” na “infraestrutura, na segurança e também um investimento forte na interface com os munícipes” que, na área do urbanismo, vão poder tratar do processo em casa, e no seu computador acompanhar o andamento do processo internamente e escrutinar porque é que leva mais tempo, onde é que está, qual foi a entidade, se foi o requerente, se foi até o projetista que muitas vezes também recebe pedidos de informação e não dá resposta e os requerentes não têm conhecimento disso”.
Segundo informação do município, “no âmbito do urbanismo digital serão disponibilizados, já em abril, formulários 'on-line' que permitirão aos cidadãos, a partir de casa, submeter os diversos requerimentos e acompanhar o estado dos processos urbanísticos, estando “a decorrer a contratação de uma empresa especializada na digitalização do arquivo”, num processo de investimento que vai também permitir “escrutinar” a atividade dos vários serviços.
“A partir de abril/maio vamos ter uma nova relação com os requerentes e um sistema novo que está a ser montado e que ficará pronto no decorrer do mês de abril. Portanto, poder escrutinar, temos uma total transparência no processo e podermos medir como é que estamos a evoluir, também com novos relatórios, até relatórios para os políticos, para as chefias, que vão poder acompanhar a performance dos serviços” municipais, declarou o autarca.
“No fundo, se calhar, há males que vêm por bem. Um grande problema acabou por se transformar num grande desafio e estamos a procurar dar resposta”, concluiu.
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