Manuel Alegre falava na sessão de apresentação do seu mais recente livro, intitulado “Memórias minhas”, na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa, antes do discurso final a cargo do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa.
Com o ex-primeiro-ministro António Costa e o antigo Presidente da República Ramalho Eanes a escutarem-no na primeira fila, entre outras personalidades políticas, o histórico socialista e conselheiro de Estado advertiu que se vive “um tempo difícil para a democracia”.
“Não é uma época de euforia democrática”, sustentou, antes de aludir ao cientista político norte-americano Samuel Huntington, que defendeu que o 25 de Abril de 1974, em Portugal, tinha sido o início de uma nova era democrática.
Para Manuel Alegre, atualmente, está-se “longe do tempo em que a revolução portuguesa influenciou a transição democrática na Espanha e na Grécia”.
“Este é tempo de desconstrução da democracia: Extrema-direita, populismo e xenofobia, o esquecimento a vencer a memória. Por isso, é urgente uma cultura de memória contra a incultura do esquecimento”, advertiu.
Em relação ao seu mais recente livro, o conselheiro de Estado contou que escreveu as suas memórias “sem diários nem cadernos de apontamentos”.
“Vivi e vida sem tomar notas para a posteridade. Não escrevi este livro para me justificar nem para deixar um testamento, mas, antes, como testemunho de uma vida com várias vidas ao longo do seu tempo”, alegou.
Manuel Alegre observou depois que a memória “seleciona e elimina”.
“Deixei fluir a memória na ponta da caneta. Nasci em ditadura e é para mim muito grato publicar este livro no 50º aniversário do 25 de Abril. Gostava de acreditar que estas memórias não são só as minhas, mas as de várias gerações desde os anos 50 até aos nossos dias”, acrescentou.
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