“É a primeira região do país com uma Estratégia Regional de Adaptação às Alterações Climáticas”, congratulou-se a vice-presidente da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional (CCDR) do Alentejo, Carmen Carvalheira.

A responsável falava à agência Lusa no final da sessão de apresentação da Estratégia Regional de Adaptação às Alterações Climáticas do Alentejo (ERAACA), realizada nas instalações desta CCDR, em Évora.

Considerando que o trabalho realizado é “muito grande” e representa “um número vasto de desafios”, a responsável adiantou que a prioridade agora é a criação de “um plano de ação que faça a ligação” da estratégia com os instrumentos regionais.

A ERAACA “tem que estar ligada a tudo o que existe” de planeamento regional, disse, dando como exemplos os instrumentos de gestão territorial, o Plano de Ordenamento do Território, a Estratégia de Especialização Inteligente ou a Agenda Digital.

No futuro, o Alentejo vai ter “fenómenos de pico cada vez mais frequentes, um aumento progressivo das temperaturas e os períodos de precipitação vão ser menores”, alertou Carmen Carvalheira.

Por isso, continuou, a população e os agentes do território têm que estar preparados para “saber aproveitar as águas residuais e pluviais” ou para usar “tipos de agricultura que sejam menos exigentes do ponto de vista da utilização da água”.

A nova estratégia conta com 50 medidas que abarcam os setores da biodiversidade, gestão de recursos hídricos, serviços de ecossistemas, energia, zonas costeiras e mar, desenho urbano, infraestruturas e equipamentos, transportes e comunicações, saúde e sistemas alimentares.

Entre as medidas apresentadas, está um programa de restauro ecológico, adoção de técnicas para aumentar a água no solo, reutilização de água, medidas para rega eficiente e o reforço da vigilância e dos alertas das temperaturas adversas.

A monitorização das zonas costeiras, reabilitação de dunas, promoção de energias renováveis e de novas práticas agrícolas, melhorar a resiliência de infraestruturas e equipamentos e apostar na arquitetura bioclimática são outras das medidas.

Na sessão, os autores do estudo apresentaram projeções do clima para as próximas décadas na região, com três níveis de agravamento, sendo que, no pior cenário, entre os anos de 2071 e de 2100, a temperatura máxima do ar em média pode aumentar 5,5 graus celsius e a precipitação pode diminuir até 60%.

Financiada pelo Programa Operacional Sustentabilidade e Eficiência no Uso de Recursos (POSEUR), a ERAACA foi elaborada por um consórcio de especialistas, que ganhou o concurso público lançado pela CCDR Alentejo.