Em declarações à Lusa durante uma ação de campanha na Figueira da Foz, distrito de Coimbra, onde foi presidente de Câmara, o dirigente da Aliança admitiu que, no seu caso, foi necessária a experiência de fundar e liderar um novo partido, para ter uma maior consciência de que o sistema eleitoral não favorece os mais pequenos.
"É verdade, também ajuda, esta experiência tem-me ajudado imenso. Estive tantos anos num grande partido e agora esta experiência que é dura, difícil, de fazer um partido do zero, mas isso dá-me mais convicção para defender as boas reformas do sistema eleitoral. Nomeadamente o aproveitamento dos restos dos votos, porque há partidos que têm votos, em vários distritos, mas não conseguem eleger ninguém", declarou Santana Lopes.
O antigo primeiro-ministro e ex-líder do PSD, partido no qual militou durante mais de 40 anos, defendeu a existência, nas eleições legislativas, de círculos uninominais com um círculo nacional, lembrando o exemplo das eleições regionais dos Açores, em que aos círculos eleitorais de cada uma das nove ilhas, se soma um círculo de compensação, que reúne os votos não aproveitados para a eleição de parlamentares.
"Se [esses votos] forem juntos, como há nos Açores, nas regionais, podem servir e ser aproveitados", frisou.
"Acho que era fácil e óbvio [fazer a reforma eleitoral]. Não era muito difícil, são medidas de bom senso", argumentou o dirigente da Aliança.
No entanto, Santana Lopes admitiu que a questão não é suficientemente discutida em Portugal e que essa situação decorre de existir "sempre um bloqueio entre os interesses dos partidos médios [BE, PCP e CDS-PP] e os interesses dos partidos grandes [PS e PSD]".
"O CDS, PCP e outros não querem determinadas alterações que o PS e o PSD queriam. É uma das coisas em que se for [eleito] para a Assembleia [da República] faço questão de trabalhar muito, para, que de uma vez por todas, os partidos tratem da reforma do sistema eleitoral para os cidadãos se sentirem mais próximos da política", enfatizou.
Na visita de hoje à Figueira da Foz, município onde presidiu à Câmara Municipal há cerca de duas décadas, entre 1998 e 2001, Santana Lopes visitou a Feira do Mar e da Sustentabilidade e passeou pela vila piscatória de Buarcos.
O presidente da Aliança louvou a iniciativa da feira, por reunir empresas e instituições em redor do tema da sustentabilidade, lembrando que "hoje em dia as questões ambientais e da sustentabilidade do desenvolvimento têm uma importância muito especial" e estão na ordem do dia, situação diferente de quando liderou a autarquia: "Havia outras preocupações, era outra época", notou.
Durante a visita à feira, Santana Lopes foi presentado, no espaço de uma empresa local de desenvolvimento de produtos de cosmética e suplementos alimentares a partir de recursos marinhos, cuja produção é maioritariamente para exportação, com uma pequena embalagem de ómega-3 "um suplemento para estar mais em forma", brincou.
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