“Profunda homenagem a um amigo, homem bom que lutou pela sua terra, pelos valores da descentralização, da democracia, do desenvolvimento de uma terra em que acreditou. Ao longo de 20 anos em que mantive contacto muito próximo, manteve sempre um parceiro leal, construtivo, sempre a olhar para o futuro”, disse o ministro da Administração Interna.

Eduardo Cabrita presente na Praça da República, vulgo Rossio, onde a urna parou para um minuto de silêncio em frente à Câmara Municipal, lembrou o percurso político do autarca e os encontros que foram tendo e que, apesar de estarem em posições partidárias diferentes, foi “sempre muito próximo”.

“Até há poucas semanas trocámos sempre mensagens, olhando para os projetos, que eram sempre muitos", e aquilo que ele defendia para "o futuro desta região e da cidade de Viseu” contou o ministro aos jornalistas.

A ministra da Coesão Territorial, Ana Abrunhosa, admitiu estar no Rossio, a “prestar homenagem enquanto amiga e governante”, tendo em conta “o privilégio de trabalhar muitos anos” com Almeida Henriques, lembrando a altura em que ele foi seu secretário de Estado (sendo ela presidente da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Centro).

“Infelizmente é mais uma perda desta pandemia e eu gostava de partilhar uma reflexão: vale a pena estas discussões demagógicas que temos, nomeadamente, dos presidentes de Câmara, que são os responsáveis da proteção civil dos seus concelhos, se devem ou não devem ser vacinados”, disse Ana Abrunhosa.

E acrescentou: “Muitas vezes, num período de verdadeira guerra, perdemos tantas vezes tempo e oportunidade de discutir o importante e gastamos esse tempo a discutir inutilidades”, sustentou, desejando que o sucessor de Almeida Henriques “continue a fazer de Viseu a melhor cidade para se viver".

Ana Abrunhosa lembrou que “era um homem de família e de paixões na vida pública e privada” e, por isso, apresentou a sua homenagem, até, porque, “era um homem que sabia fazer pontes como poucos e a prova é que estão aqui pessoas de todos os quadrantes políticos”.

“A minha homenagem pública a Almeida Henriques, que dedicou uma grande parte da sua vida ao serviço público (…) e, com tudo o que aconteceu, faz-nos pensar que temos de cumprir as regras”, pois “esta doença é extraordinariamente perigosa”, disse, por seu lado, o presidente do PSD.

Rui Rio alertou “mais uma vez a população portuguesa” para o “cumprimento das regras e comportamento individual” de todos, lembrando que hoje o país atingiu “o limite do denominado “R”, o valor um e a partir daqui é uma linha vermelha” e, portanto, o país está “longe de estar sossegado”.

O secretário de Estado do Desporto, João Paulo Rebelo, viseense e vereador não executivo da oposição, no primeiro mandato de Almeida Henriques na Câmara de Viseu, não escondeu a “posição especial” e “a consternação imensa” com que se encontrava no Rossio, lembrando o percurso político de ambos ao longo dos anos, “particularmente no último ano, no combate à pandemia covid-19.

João Paulo Rebelo considerou que “todos os viseenses estão de luto, independentemente das suas opções políticas e partidárias”.

A urna, que percorreu a cidade num carro antigo descapotável dos Bombeiros Sapadores de Viseu, seguiu do Rossio, repleto de autarcas e outras figuras públicas, para o cemitério de Abraveses, onde era esperado o Presidente Marcelo Rebelo de Sousa, para uma cerimónia privada e, depois, uma missa de exéquias fúnebre, que não de corpo presente, às 18:30, na Sé de Viseu.

O presidente da Câmara de Viseu, António Almeida Henriques, morreu este domingo aos 59 anos, vítima de complicações respiratórias decorrentes da covid-19.

O autarca social-democrata foi diagnosticado com covid-19 no início de março, altura em que foi internado no Hospital de São Teotónio, em Viseu.

A Câmara de Viseu decretou três dias de luto municipal, até esta terça-feira.