"A meta dos 70% de primeiras doses prevista para 08 de agosto pode atrasar-se até 15 dias", disse o vice-almirante Gouveia e Melo, que falava durante uma audição na Comissão Parlamentar de Saúde.
O responsável apontou a redução de vacinas por parte de duas marcas, sem especificar, assim como diversos adiamentos que têm acontecido.
“Estou a fazer o que posso para otimizar o ‘stock’”, afirmou o responsável.
Na comissão, o vice-almirante Gouveia e Melo disse ainda que há cerca de 47% da população vacinada com a primeira dose e 30% com a vacinação completa e adiantou que o ritmo de vacinação tem sido afetado por falta de vacinas suficientes.
“Não tem sido por falta de capacidade do sistema, mas pela disponibilidade de vacinas e pela regularidade na entrega”, acrescentou.
O responsável adiantou que o ritmo de vacinação está acima das 100.000 vacinas por dia e, alargando os horários, será possível chegar às 140.000 por dia.
“Se tivermos vacinas para manter esse ritmo ele será mantido e, se possível, ultrapassado” afirmou Gouveia e Melo, acrescentando:
“Não está nas nossas mãos, nem nas da população, controlar as vacinas que recebemos”, disse.
'Task force' afirma que está a vacinar "o máximo" que pode
“Tenho ouvido algumas vezes na comunicação social que a solução é vacinar mais. Dá a sensação que nós, ‘task force’, o Ministério da Saúde, todos os envolvidos neste processo de alguma forma, não estamos a vacinar ao máximo que nós podemos. Eu queria deixar claro que nós estamos a vacinar o máximo que nós podemos”, declarou Henrique Gouveia e Melo numa audição por videoconferência no parlamento.
Perante os deputados da Comissão Eventual para o acompanhamento da aplicação das medidas de resposta à pandemia de covid-19 e do processo de recuperação económica e social e da Comissão de Saúde, onde foi ouvido a pedido do PSD, afirmou ainda: “Nós temos ‘stocks’ muito limitados, arriscamos bastante não criando ‘stocks’, na esperança sempre que cheguem vacinas na semana seguinte”.
Segundo o vice-almirante, o prazo médio de entrega das vacinas é “de um mês para a frente”, mas às vezes esses prazos acabam por não ser cumpridos.
“Este processo é muito dinâmico e nós temos que ter um ‘stock’ mínimo de vacinas para garantir que se houver uma quebra no fornecimento não comprometemos as segundas doses das vacinas”, explicou.
O coordenador da ‘task force’ assegurou ainda que não tem tido falta de recursos humanos, enaltecendo o contributo que as autarquias também têm dado nesta área.
Reconheceu que existem preocupações quando se aproximam as férias de como é que vão reagir os profissionais, uma vez que estão “muitos esgotados”.
“No entanto, tenho promessas que se fará tudo para manter o ritmo e elevar positivamente”, salientou o responsável, que deixou um elogio ao trabalho dos enfermeiros.
“Os enfermeiros têm sido uma classe sem mácula neste processo. Extraordinários, com uma dedicação absoluta e empenho absoluto, São eles que estão a vacinar são eles que realidade são a nossa frente de batalha”, realçou.
Em resposta a questões colocadas pelos deputados, o responsável reiterou que Portugal tem capacidade neste momento para 130 mil vacinas por dia.
Além de terem sido alargados os horários nos centros de vacinação, foram reforçadas algumas capacidades e abertos novos centros, um deles hoje (no Estádio Universitário em Lisboa), estando também a ser agilizadas modalidades de agendamento para facilitar o ritmo de vacinação.
“Se tivermos vacinas para mantermos esse ritmo, ele será mantido, e se for necessário será ultrapassado mais uma vez”, assegurou o vice-almirante.
Questionado sobre a vacinação no domicílio de pessoas que estão acamadas, Gouveia e Melo avançou que estarão vacinados entre 65% a 70% dos utentes.
“Nós estamos a vacinar o utente que está acamado e uma pessoa do agregado familiar para garantir que há pelo menos uma pessoa que tem alguma resistência, se houver um problema não vai adoecer deixando o utente desamparado”, salientou.
Contudo, explicou, “é um processo muito lento” porque requer muitos recursos humanos e é “um processo de nicho”, mas que está a ser feito e “parece que está a andar bem”.
Sobre o processo de vacinação no país, Gouveia e Melo disse que continua a “descer por faixas etárias”, mas que se está “a tentar equilibrar as regiões para terem todas a mesma percentagem de vacinação e avançarem de forma uniforme nessa percentagem”.
“Evidentemente que é fácil equilibrar uma região que tem 1.000 pessoas, um concelho que tem 2.000 pessoas, mas é muito difícil equilibrar um concelho que tem um milhão ou meio milhão de pessoas”, reconheceu.
Convocatória de utentes para toma da 2.ª dose da Astrazeneca feito a nível local
“Para não criar um pesadelo logístico em termos da convocação das pessoas, estamos a fazer uma convocação local dessas pessoas para as segundas doses”, adiantou Henrique Gouveia e Melo numa audição por videoconferência na Comissão de Saúde, a pedido do PSD.
Esta convocação resulta do intervalo da toma da segunda dose da vacina da Astrazeneca ter sido reduzido de 12 para oito semanas para garantir “mais rápida proteção” perante a transmissão de novas “variantes de preocupação” do vírus SARS-CoV-2, como a variante Delta.
O vice-almirante Gouveia e Melo explicou que a informação passa por alertar as pessoas que já cumpriram o prazo de oito semanas para se dirigirem ao centro de vacinação a partir das 18:00, que terão a “segunda dose garantida”.
“É isso que estamos a fazer a nível local, o agendamento do local e o chamamento do local, até porque são pessoas idosas que têm dificuldade em aceder a sistemas informáticos, apesar para os familiares poderem ajudar”, sublinhou.
A task force está a contar com o auxílio das juntas de freguesia para que rapidamente as pessoas tomem a segunda dose da vacina.
Gouveia e Melo reconheceu que há “uma preocupação forte” com a variante Delta, lembrando que estudos no Reino Unido indicam que uma dose da vacina da Astrazeneca nessa variante tem só cerca de 30% de proteção.
A Direção-Geral da Saúde, “também ciente da situação”, encurtou a toma entre as duas doses para acelerar o processo de vacinação completa de “um público alvo que preocupa” que vai dos 60 aos 80 anos.
“E, portanto, é nesse público alvo que estamos a tentar fazer um esforço para reduzir o intervalo das tais 12 semanas para oito semanas e isso já começou a ser feito”, assegurou Gouveia e Melo.
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