O aumento do preço do arroz que atingiu na Índia “o seu nível mais alto dos últimos 15 anos, depois de o país ter imposto restrições às exportações do cereal”, mostra como “as alterações climáticas irão perturbar o abastecimento alimentar mundial”, afirmaram à AFP os especialistas.
Os preços do arroz aumentaram 9,8% em agosto, anulando assim as quedas de preços verificadas noutros produtos alimentares essenciais, refere um recente relatório da FAO – Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura.
Em julho, a Índia, que representa 40% das exportações mundiais, restringiu as vendas de arroz não basmati para o estrangeiro, o que ateou o “barril de pólvora”.
Nova Deli justificou a medida com o aumento dos preços do arroz no mercado interno, provocado por questões geopolíticas, pelo fenómeno meteorológico ‘El Niño’ e por “condições climáticas extremas”.
Este ano, que deverá ser o mais quente de que há registo na história da humanidade, o impacto do fenómeno sazonal ‘El Niño’ poderá agravar ainda mais a situação, alertam os especialistas.
Apesar das graves inundações em algumas zonas do norte da Índia, agosto foi o mês mais quente e seco de que há registo no país. A monção, que assegura 80% da precipitação anual no país, foi muito inferior ao normal.
As restrições impostas pela Índia em julho surgem na sequência de um embargo, já em setembro, às exportações de outra variedade de arroz, um alimento essencial em certas regiões de África.
Até 8% das exportações mundiais de arroz para 2023/24 poderão agora ser retiradas do mercado, segundo uma análise realizada pela BMI, que pertence à agência de notação Fitch, salientam os especialistas.
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