"Tenho reparado nos últimos tempos que houve responsáveis políticos que acharam que podiam ser complacentes com o crime e normalizar o crime. Quem ameaça é criminoso. Quem atenta contra os direitos humanos é criminoso e, portanto, sim. Este é um caso de polícia e só envergonha as pessoas que na política tentaram normalizar criminosos", disse Catarina Martins.

Descrevendo que o BE já fez queixa à Polícia Judiciária (PJ) e que as deputadas visadas estão a preparar uma queixa ao Ministério Público e garantindo ter "a maior confiança" de que "as forças de segurança vão proteger as pessoas visadas", Catarina Martins deixou reparos a quem na política "normaliza criminosos".

"Não há nenhuma falha na lei em Portugal para que quem apela à violência ou faz ameaças seja com que desculpa para ao ser tratado como criminoso que é", disse.

Questionada sobre se estava a referir-se a algum partido em concreto, a líder do BE disse estar a falar "daqueles que acham que podem dialogar com forças que apelam ao ódio ou à violência ou que usam intimidação como arma política", mas não deixou de mencionar os sociais-democratas.

"Julgo que isso fica claro em algumas declarações que foram promovidas. E julgo que haverá agora no PSD quem se arrependa do que tem vindo a dizer e a normalizar até agora (...). Julgo que o doutor Rui Rio não teve a perceção do que estava a acontecer quando fez outras afirmações no passado. Não estou em crer que quisesse ser complacente com o crime em Portugal", disse a coordenadora do BE que falava aos jornalistas no Porto à margem de uma reunião com trabalhadores da Ryanair.

As deputadas Joacine Katar Moreira (não inscrita), Beatriz Gomes Dias e Mariana Mortágua (BE) foram visadas num 'e-mail' com ameaças dirigido ao SOS Racismo, além do dirigente dessa associação Mamadou Ba e Jonathan Costa, da Frente Unitária Anti-Fascista, entre 10 cidadãos.

"Informamos que foi atribuído um prazo de 48 horas para os dirigentes antifascistas e antirracistas incluídos nesta lista, para rescindirem das suas funções políticas e deixarem o território português", lê-se no ?e-mail' em causa, a que a Lusa teve acesso.

Na mensagem eletrónica refere-se que se o prazo for ultrapassado "medidas serão tomadas contra estes dirigentes e os seus familiares, de forma a garantir a segurança do povo português", e que "o mês de agosto será o mês do reerguer nacionalista".

Com data de 11 de agosto, a mensagem de correio eletrónico foi enviada, a partir de um endereço criado num ?site' de ?e-mails' temporários, para o SOS Racismo e é assinada por "Nova Ordem de Avis - Resistência Nacional", a mesma designação de um grupo que reclamou, na rede social Facebook, ter realizado, de cara tapada e tochas, uma "vigília em honra das forças de segurança" em frente às instalações da SOS Racismo, em Lisboa, e que um dos dirigentes desta associação, Mamadou Ba, classificou como "terrorismo político".

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