“Devem ser feitos todos os esforços para proteger os civis dos violentos combates e de potenciais ataques de retaliação em Mossul”, sustentou em comunicado a organização de defesa dos direitos humanos, quando está em curso a operação de retomada da cidade aos extremistas do EI.
Num relatório hoje divulgado, intitulado “Punidos pelos crimes do EI: Iraquianos deslocados vítimas de abusos de milícias e forças governamentais", a AI denuncia e documenta graves violações dos direitos humanos, incluindo crimes de guerra, cometidas pelas milícias iraquianas e forças governamentais contra civis deslocados durante anteriores operações militares no Iraque.
Tortura, detenções arbitrárias, desaparecimentos e execuções sumárias são alguns dos crimes denunciados pela Amnistia Internacional no documento de 70 páginas resultante de uma investigação assente em entrevistas a mais de 470 antigos detidos, testemunhas e familiares de pessoas executadas ou detidas arbitrariamente, bem como a ativistas e trabalhadores de agências humanitárias e ainda a responsáveis governamentais iraquianos.
Este relatório faz também soar o alarme sobre os riscos iminentes de mais violações maciças de direitos humanos no Iraque na ofensiva para recuperar o controlo de Mossul.
“As autoridades iraquianas devem adotar medidas concretas para garantir a não-repetição das violações grosseiras [dos direitos humanos] testemunhadas em Fallujah e noutros pontos do Iraque durante combates entre tropas governamentais e o grupo armado Estado Islâmico”, frisou Philip Luther, diretor de investigação e apoio da Amnistia Internacional para o Médio Oriente e norte de África.
“As instruções do primeiro-ministro, Haydar al-Abadi, para se usar de ‘precaução e vigilância’ para assegurar a proteção de civis devem ser mais do que palavras simbólicas: As autoridades iraquianas devem exercer controlo e comando eficazes sobre as milícias, e devem garantir que elementos envolvidos em anteriores violações de direitos humanos não tomará parte nas operações de Mossul”, referiu.
O responsável da AI precisou ainda que “todas as partes no conflito devem adotar todas as precauções possíveis para evitar baixas civis durante o seu ataque a Mossul” e que as autoridades iraquianas e curdas envolvidas no planeamento da operação militar devem assegurar aos civis em fuga uma rota segura.
“As autoridades não devem poupar-se a esforços para evitar que haja civis apanhados no meio dos combates”, insistiu Philip Luther.
“Os civis em fuga devem igualmente ser protegidos de ações de vingança e devem ser-lhes fornecidos acolhimento e ajuda humanitária. Com cerca de um milhão de pessoas possivelmente deslocadas de Mossul e áreas circundantes, a situação poderia rapidamente desembocar em catástrofe humanitária”, sublinhou.
O diretor da Amnistia deixou ainda um recado aos ‘jihadistas’ do EI, afirmando: “O grupo armado Estado Islâmico deve permitir que os civis se vão embora e não os usar como escudos humanos”.
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