Num documento revelado na quarta-feira, a diretora da AI para o continente americano, Erika Guevara, afirma que as autoridades sob o comando de Nicolás Maduro “estão a tentar usar o medo e a punição para impor uma estratégia de controlo social repugnante contra os que exigem uma mudança”.
Segundo uma investigação da Amnistia Internacional, que será revelada na totalidade em março, nos protestos ocorridos em 21 e 25 de janeiro morreram pelo menos 41 pessoas, todas feridas com armas de fogo, e outras 900 foram detidas de forma arbitrária.
Com base nas denúncias recolhidas, Erika Guevara já pediu ao Conselho de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas para que tome medidas contra a “impunidade total” que se vive na Venezuela.
A organização internacional especifica que as autoridades venezuelanas, nomeadamente a Polícia Nacional Bolivariana e as Forças de Ações Especiais (FAES), fizeram execuções extrajudiciais seletivas para controlar as pessoas que participaram nos protestos contra Maduro.
Erika Guevara apelou aos países “genuinamente preocupados” com a situação dos direitos humanos na Venezuela para que usem a jurisdição universal para ajudar as vítimas para que se faça justiça.
A crise política na Venezuela, onde vivem cerca de 300.000 portugueses ou lusodescendentes, agravou-se em 23 de janeiro, quando o líder da Assembleia Nacional, Juan Guaidó, se autoproclamou Presidente da República interino e declarou que assumia os poderes executivos de Nicolás Maduro.
Guaidó, 35 anos, contou de imediato com o apoio dos Estados Unidos da América e prometeu formar um governo de transição e organizar eleições livres.
Nicolás Maduro, 56 anos, no poder desde 2013, recusou o desafio de Guaidó e denunciou a iniciativa do presidente do parlamento como uma tentativa de golpe de Estado liderada pelos Estados Unidos.
A maioria dos países da União Europeia, entre os quais Portugal, reconheceram Guaidó como Presidente interino encarregado de organizar eleições livres e transparentes.
A repressão dos protestos antigovernamentais desde 23 de janeiro provocou já 40 mortos, de acordo com várias organizações não-governamentais.
Esta crise política soma-se a uma grave crise económica e social que levou mais de 2,3 milhões de pessoas a fugirem do país desde 2015, segundo dados das Nações Unidas.
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