Desde que a pandemia atingiu o país, os profissionais de saúde egípcios têm denunciado, entre outras carências, uma escassez de equipamentos de proteção individual, de testes de rastreio e de camas hospitalares, incluindo para os médicos e os enfermeiros que estão na linha da frente do combate ao novo vírus.

“Em vez de proteger os profissionais de saúde da linha da frente, abordando as suas preocupações legítimas em relação à segurança e aos meios de subsistência, as autoridades egípcias estão a lidar com a crise da (doença) covid-19 com as suas habituais manobras repressivas”, denunciou a AI num comunicado.

A AI diz ter documentado a detenção arbitrária de pelo menos oito profissionais de saúde egípcios, incluindo seis médicos e dois farmacêuticos, que partilharam as suas preocupações sobre o sistema de saúde egípcio nas redes sociais entre março e o mês corrente.

A organização não-governamental (ONG) também denunciou que os profissionais de saúde estão a enfrentar outros tipos de ameaças, bem como sanções administrativas.

Este tipo de ação “não só prejudica ainda mais a liberdade de expressão no país, mas também prejudica os esforços daqueles que enfrentam a crise sanitária e coloca em risco a vida destes profissionais e de outras pessoas”, afirmou o diretor de investigação da AI para a região do Médio Oriente e norte de África, Philip Luther.

Em termos totais, o Egito registou oficialmente mais de 49 mil casos de infeção pelo novo coronavírus, incluindo 1.850 vítimas mortais.

Mas, em maio passado, um responsável egípcio admitiu que o número realista de casos naquele país poderá ser na ordem dos 100 mil.

Pelo menos 68 profissionais de saúde morreram no Egito por causa da doença covid-19 e mais de 400 ficaram infetados com o novo coronavírus, de acordo com a associação egípcia de médicos.

Nas últimas semanas, o número diário de novos contágios no Egito tem ultrapassado frequentemente os 1.000 casos, situação que tem levantado receios sobre uma potencial rutura, a curto prazo, do sistema de saúde do país.

Na terça-feira, o Sindicato dos Médicos egípcios divulgou que instou o procurador-geral do Egito a libertar cinco médicos que tinham sido detidos depois de terem manifestado a sua frustração perante a forma como o Ministério da Saúde daquele país está a lidar com a crise da covid-19.