“Mudou, claramente, a perceção, não só dos cidadãos angolanos, relativamente à ideia de que a mudança é possível e que os corruptos vão ter que enfrentar a justiça e assumir as suas responsabilidades diante da justiça”, disse hoje, em declarações aos jornalistas.
A eurodeputada intervém este sábado na 3.ª conferência sobre “Transparência, Corrupção, Boa Governação e Cidadania em Angola”, que começou hoje em Luanda, promovida pela Associação Justiça, Paz e Democracia (AJPD), falando sobre o “Combate ao Branqueamento de Capitais com origem em Angola por parte da União Europeia (UE) e de Portugal. O Papel da UE e de Portugal” .
Para Ana Gomes, o exterior tem igualmente uma perceção "mais positiva" sobre Angola.
“Acho que projeta uma imagem muito mais positiva de Angola o facto de mostrar que há hoje um Presidente que assume o compromisso de combater a corrupção e a impunidade [e] que passa da palavra aos atos”, apontou.
Na opinião da eurodeputada, apesar de Angola “ter ainda um longo caminho a percorrer”, as medidas em curso “são positivas”, obsrvando que há três anos esteve em Angola, e, nessa altura, “era impossível” reunir a sociedade civil para debater temas sobre corrupção e outros problemas.
O ambiente era então “completamente diferente”, de "grande crispação, medo e revolta", sendo “impossível” realizar esta conferência e “poder ver as pessoas sentirem-se livres para falar e criticar como hoje", considerou.
A convidada da AJPD disse ainda ter “pistas” para Angola recuperar os ativos no exterior, de que necessita.
“Venho aqui, espero abrir pistas para a sociedade civil, mas também às autoridades angolanas sobre apoios que podem encontrar a nível da UE para recuperar ativos de que Angola tanto necessita, e que estão hoje fora do país a beneficiar os corruptos e não ao serviço povo angolano”, apontou.
Questionada sobre “amores” e “ódios” que surgiram quando esteve em Angola em 2015, sobretudo a nível das autoridades angolanas e sociedade civil, Ana Gomes garantiu que em Angola ou em Portugal vai continuar a “criticar o comportamento dos corruptos”.
“E é exatamente isso que ganhamos em democracia (…). Daí que não me calo e até gosto que alguns não gostem, como os corruptos, e é contra eles que eu falo”, garantiu.
Reforçar o espaço de reflexão sobre o fenómeno e impacto da corrupção em Angola e a defesa do Estado Democrático de Direito e o exercício da cidadania é um dos objetivos desta conferência.
O papel da sociedade civil e da imprensa no combate à corrupção e a sua relação com os poderes públicos em Angola, criminalidade económico-financeira – a legislação angolana e internacional foram alguns dos temas discutidos hoje nesta conferência, que termina no sábado.
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