Antoni Martí Petit falava numa conferência de imprensa conjunta com Marcelo Rebelo de Sousa, na sede do Governo de Andorra, em Andorra-a-Velha, em resposta a uma questão colocada pela comunicação social portuguesa.
O governante andorrano afastou, para já, a possibilidade de mudanças nos direitos de participação política da comunidade portuguesa, mas referiu que este "é um debate aberto também do ponto de vista social em Andorra, não vale a pena negar esta realidade".
Em seguida, o Presidente português disse que também levantou "informalmente" esta questão ao chefe do Governo de Andorra e, a este propósito, afirmou que a "capacidade de esperar" é uma característica dos portugueses, "uma capacidade ilimitada para respeitar o tempo dos outros".
Antoni Martí começou por declarar que o direito de voto, pelo menos, nas eleições municipais "é uma reivindicação" antiga dos residentes não nacionais, entre os quais os portugueses, que são a segunda maior comunidade estrangeira em Andorra, a seguir aos espanhóis.
Contudo, considerou que "não seria justo abrir essa possibilidade", quando "os andorranos hoje em dia não têm o direito de votar num país terceiro" dentro no espaço europeu.
Por outro lado, argumentou que "o poder que têm as comunas de Andorra é superior ao que têm os municípios nos países europeus".
"Vamos ver como vai evoluir isto tudo. É preciso ser equânime e justo. O debate fica aberto", concluiu.
Por sua vez, Marcelo Rebelo de Sousa disse ter levantado esta questão "dentro da postura que é própria de um chefe de Estado de outro país, que é a de ouvir as explicações que aqui ouvimos, respeitar essas explicações, sabendo que cada país tem o seu direito, a sua evolução, o seu tempo".
Referindo-se aos portugueses, acrescentou: "Nós temos uma capacidade de esperar e de afirmar a natureza da nossa presença, em qualquer latitude e longitude, que fala por si. E, portanto, não se impõe às decisões soberanas dos outros estados, mas afirma-se pela capacidade humana, pela lealdade, pela riqueza no contributo de cada pessoa para um projeto comum, e naturalmente respeita o tempo dos outros".
"Nós temos uma capacidade ilimitada para respeitar o tempo dos outros, tendo muitas vezes a alegria de ver os outros respeitarem o mérito da nossa capacidade de esperar", reforçou o chefe de Estado.
Nesta conferência de imprensa, os dois responsáveis políticos foram questionados sobre o processo em curso de referendo sobre a independência da Catalunha, mas ambos recusaram comentar diretamente o assunto.
"Se eu tenho o cuidado de não me pronunciar aqui em Andorra sobre a política interna de Andorra, devo ter um cuidado redobrado em não me pronunciar em Andorra sobre as questões políticas de terceiros. E, por isso, não me irei pronunciar sobre elas", justificou o Presidente português.
Martí subscreveu estas palavras e salientou que Andorra preocupa-se em "ter um diálogo franco, aberto, com o Estado espanhol" e, ao mesmo tempo, "uma boa relação de vizinhos com o povo catalão e com o Governo da Catalunha".
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