O dirigente do PAN começou por saudar Marcelo Rebelo de Sousa, que segue destacado na frente dos resultados, dando-lhe já a vitória "inequívoca" nestas presidenciais. "É-lhe merecido este resultado e estas palavras", diz.
Depois, André Silva revela "enorme preocupação com a elevada taxa de abstenção — que se mantém neste tipo de eleições e nada tem a ver com o contexto epidemiológico, mas tem necessária e obrigatoriamente a ver com o afastamento da política por parte dos cidadãos, por continuarem a não se rever em grande parte dos movimentos políticos", afirma.
"Todos nós — movimentos políticos, representantes e partidos — temos responsabilidades nesta matéria", assume. Apesar disso, "acima de tudo, os partidos incumbentes, o Partido Socialista e o Partido Social Democrata, devem de uma vez por todas tirar ilações", acusa ainda.
"A captura do Estado pelos partidos, os enormes índices de corrupção, a falta de transparência que existe entre o mundo da justiça e o mundo da política devem-nos convocar para fazer uma reflexão em torno do divórcio das pessoas dos partidos."
André Silva diz que cabe aos maiores partidos "contribuir com alterações significativas no sistema político".
O dirigente do PAN, que apoiou a candidatura de Ana Gomes, salientou a "coragem" da antiga euro-deputada: "esta candidatura conseguiu ficar em segundo lugar com um resultado que é fantástico, porque é a única candidatura independente que conseguiu abarcar todas as pessoas que não se reveem em campos não democráticos, sejam eles de esquerda ou direita, e que não se reveem também na política de Marcelo Rebelo de Sousa".
"A candidatura [de Ana Gomes] conseguiu agregar movimentos progressistas, europeístas, ecologistas", disse, repetindo, aliás, o mesmo que Paulo Pedroso disse logo após as primeiras projeções. Para André Silva, esta foi "a candidatura que não teve medo de dizer que Portugal tem de ser um país diverso, inclusivo e que tem de ser um dos pilares e que tem de ter como uma das prioridades as alterações climáticas e a proteção dos animais".
"Esta é mais uma vitória do PAN neste ciclo político", reclama André Silva. "Não tendo um candidato próprio, não poderíamos ficar de fora e decidimos apoiar aquela que é a única candidatura verdadeiramente independente e que conseguiu agregar votos de todas as pessoas que não se reveem no campo da esquerda e da direita não democráticas e que conseguiu assim passar à frente de movimentos que são absolutamente inorgânicos e não democráticos".
Questionado sobre se uma união à esquerda poderia ter desenhado um mapa de resultados diferente, André Silva diz que "é evidente que poderia ter sido".
Na sala do Myriad do Parque das Nações, o líder do PAN admite que o objetivo da segunda volta não foi alcançando, mas "ainda assim, este é um resultado muito bom, excelente na medida em que é a única candidatura independente que conseguiu agregar pessoas de vários campos políticos — e que se reveem na força e na coragem de Ana Gomes".
Quanto à corrida renhida entre os resultados da Socialista e os do líder do Chega, André Silva aponta novamente o dedo aos grandes partidos: "Tal como relativamente à abstenção, os principais partidos, PS e PSD, devem refletir sobre a razão de movimentos inorgânicos, não construtivos e antidemocráticos estão a ter a expressão que estão a ter — por falhas claras, pela falta de resposta dos partidos", acusa.
"A elevada taxa de abstenção, por um lado, e o crescimento destes movimentos devem-nos fazer a todos pensar o que há a alterar no sistema político. E esses principais partidos devem de uma vez por todas convergir para uma maior abertura e alteração do sistema político, para uma maior transparência e mitigação de conflitos de interesse".
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