“Estamos a fazer uma revolução democrática e não temos o direito de a destruir”, disse o líder demissionário do partido, considerando por isso que “não é um momento de desistência”, para se lançar como candidato às eleições de 05 de setembro.

Na Ortigosa, no concelho de Leiria, num jantar da distrital do Chega Leiria que, segundo a organização juntou 800 participantes de vários pontos do país, André Ventura assumiu ter sido “quase ‘feito’ em laboratório” para enfrentar os ataques ao partido.

“Nunca nos vão calar”, disse o deputado, que prometeu “lutar até à morte por Portugal” e contra quem quer “transformar o Chega num partido banal do sistema, minado de corrupção e compadrio”.

“Não que ache que tenha de ser líder do Chega para sempre. Mas este não é o momento de transformações deste projeto. O país não perceberá que um partido como o Chega se perca em lutas internas”, disse em Leiria.

Na noite que serviu para comemorar o primeiro aniversário do Chega, André Ventura abordou também o anúncio de suspensão do mandato na Assembleia da República, para se dedicar às campanhas eleitorais da região dos Açores e das presidenciais.

“Ficou todo o parlamento a dizer: ‘se ele se quer candidatar, tem de deixar de ser deputado’. Eles queriam, até sonhavam com isso! Uma coisa eu vos prometo: eu só saio daquele parlamento quando metade daquela esquerda tiver corrida dali para fora!”.

Numa noite em que disparou para todo o lado, recusando coligações com PSD e CDS e apontando à ultrapassagem ao BE e até ao PS, André Ventura voltou a referir-se à deputada não inscrita Joacine Katar Moreira: ”se há deputados que acham que devemos devolver a arte a outros países, voltamos a dizer: elas que vão para os países delas, porque é lá que fazem falta”.

“Quando nos chamarem racistas, diremos ‘somos aqueles que trabalham'; quando nos chamarem fascistas, diremos ‘somos aqueles que respeitam a nossa história'; e quando nos chamarem extremistas, diremos ‘o nosso único extremo é lutar por este país'”, acrescentou.

Também Marcelo Rebelo de Sousa, adversário de André Ventura nas presidenciais, esteve debaixo de fogo em Leiria, sendo classificado como “uma espécie de máquina de apurar”.

“A frase que Marcelo Rebelo de Sousa mais diz é ‘temos de apurar’. Se agora explodisse isto tudo, amanhã Marcelo dizia ‘temos de apurar’. Ricardo Salgado e você [Marcelo] a irem juntos para o Brasil? ‘Temos de apurar’. Esta história do seu irmão andar a fazer negócios nas suas viagens? ‘Temos de apurar’. António Costa nomear familiares para o Governo? ‘Temos de apurar’. Tancos? ‘Não sei nada disso, temos de apurar’. Temos de apurar tudo”.

No evento esteve também Maria Vieira, mandatária de Ventura junto das comunidades portuguesas. “Este homem [André Ventura] luta todos os dias para mudar Portugal e nós vamos ser o seu exército”, disse.

Lembrando papel de Leiria na história de Portugal e na Reconquista da Península Ibérica, a mandatária fez aquilo a que chamou “uma singela comparação”: “O dr. André Ventura que é o D. Afonso Henriques do século XXI, o grande líder que o nosso país vinha precisando há muito tempo!”.

Acordos com PSD e CDS?  “Não obrigado, não queremos nem aceitamos”

“Esta semana disse, de forma assim meio atabalhoada, que sim [sobre a possibilidade de um acordo], 'mas se eles se mudarem'. Nós, este bando de insurrectos, fascistas e racistas... Como se estivéssemos à venda ou como se fossemos o CDS do século XXI”, criticou.

Para André Ventura, “por muito que nos ofereçam lugares ou 'lugarinhos', a força do Chega será sempre a força de denunciar o que está mal. Por isso aqui fica a resposta: Rui Rio, não obrigado, não queremos nem aceitamos”.

O líder demissionário, que anunciou a recandidatura ao Chega nesta noite, considerou que o PSD “perdeu a coluna vertebral” com a aprovação do fim dos debates quinzenais, com “os orçamentos sistematicamente aprovados” e “quando Rui Rio e António Costa andavam a 'dançar' os dois a mesma música”.

“Agora que António Costa lhe virou as costas, virou-se para nós. Que deceção”, frisou.

Mas, reforçou Ventura, “mais engraçado do que Rui Rio dizer que quer acordos, é ouvir o líder do CDS”, Francisco Rodrigues dos Santos, com “aquela calcinha bege, sapato da linha de Cascais, muito direito, com os olhos muito arregalados, dizer 'não há nenhuma possibilidade de entendimento com o Chega, zero! Porque nós não vamos em autoritarismos nem em coisas do passado'”.

“Isto dito pelo 'Chicão', experiente da vida, valente do coração e que, todos sabemos, nunca cede e que nunca tem medo, nem quando houve o terramoto onde ele estava a falar [num discurso na Madeira em março deste ano]”, ironizou.

O líder do Chega disse ainda que um acordo com condições impostas pelo CDS “só podia ser para rir”, porque é “um partido que quase desapareceu nas sondagens” e que “no parlamento não se faz ouvir”, e que recusa acompanhar o Chega quando em matérias sobre “minorias em Portugal a viver à custa do Estado”, na redução do número de deputados ou quando o Chega diz que os contribuintes estão "a pagar metade do ano para sustentar quem não quer fazer nada”.

“Então o CDS tem de levar a mesma resposta que damos ao PSD: não obrigado e não queremos, fiquem com a vossa insignificância!”, exclamou.

André Ventura considerou ainda que o Chega “nunca mais” se deixará apanhar pelo PCP nas sondagens, porque “este povo nunca mais vai adormecer” e promete alcançar o BE e até o PS.

“Quando disserem: podem ganhar a todos, mas nunca vão superar o PS, nós dizemos 'esperem para ver'. Para António Costa, deixamos um aviso: pode-se enganar algumas pessoas durante algum tempo, pode-se enganar muita gente durante muito tempo, mas não se engana um país inteiro a vida toda. Em breve serás exposto e a fraude que o PS representa será denunciada em Portugal mais cedo do que se espera!”, sublinhou André Ventura.

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