A decisão de abandonar a liderança do partido que fundou foi confirmada hoje pelo próprio à agência Lusa, adiantando que será marcada uma Convenção Nacional para setembro, para eleger o próximo líder.
André Ventura remeteu todas as restantes explicações para um vídeo divulgado hoje, no qual se dirige aos militantes e dirigentes do Chega.
Nesse vídeo, divulgado à comunicação social, o deputado único fala num “dia particularmente difícil” para o partido e adianta que apresentará “nos próximos dias” o seu “pedido de demissão de presidente da Direção Nacional do Chega”.
“Faço-o essencialmente por três motivos: porque estou farto, estou cansado, daqueles que sistematicamente boicotam o trabalho da Direção Nacional, de que sistematicamente estão contra as posições da Direção Nacional e sistematicamente se empenham mais em atacar o partido, em divulgar mensagens privadas, em divulgar opções dos órgãos internos do partido, do que em ajudar a fazer este partido crescer”, justifica Ventura.
André Ventura adianta igualmente que será “novamente candidato a presidente da Direção Nacional do Chega”, que a sua linha se manterá como até agora, e considerou que este é um “momento de clarificação”, que “permitirá depois ter a unidade e a força necessários para enfrentar os desafios” eleitorais futuros”.
Recusando estar “agarrado ao poder”, o fundador do partido assinala que, “se perder eleição interna”, renunciará ao cargo de deputado, mas salienta que não se deixará “ir sem luta”.
O ainda líder do Chega assinala igualmente que o crescimento do partido – oficializado há cerca de um ano - “atraiu, felizmente, uma grande massa da população portuguesa”, mas “também atraiu o pior que a vida política tem, também atraiu o pior que o sistema tem”.
“Aqueles que procuram sempre um lugar ao sol, a todo o custo, sem escrúpulos, sem regras, estão sempre à espera do momento certo para atacar, que querem fazer do Chega uma espécie de segundo PSD, ou segundo PS ou segundo CDS”, criticou.
“Comigo isso nunca acontecerá. Não tolerarei, nem nunca aceitarei liderar um partido que seja mais um dos partidos do sistema, por muito que isso dê frutos eleitoralmente, por muito que isso nos permita negociatas de poder, comigo isso nunca acontecerá”, garantiu André Ventura.
Sobre a sua abstenção na votação relativamente à renovação do estado de emergência, na quinta-feira, – que Ventura admitiu no mesmo dia que "não é pacífica" e "é controversa" -, o deputado único insistiu em rejeitar “uma crise de impunidade e criminalidade”.
“Fartei e cansei-me daqueles que nos estão sempre, internamente, a acenar com o fantasma do racismo, que estamos demasiado extremistas, que temos de nos moderar. Esta é a linha e a génese do Chega, é esta a linha que temos de levar a cabo e que os portugueses nos pedem, sem medo, sem tibiezas, sem medo de o discurso não ser politicamente correto”, defendeu.
Na ótica de André Ventura, “tudo o contrário será fazer do Chega um novo partido do sistema”.
Na mensagem de vídeo, o atual líder desafia “aqueles que andaram a fazer este boicote” à direção e ao seu trabalho no parlamento a “se apresentarem a eleições” e “darem-se a conhecer aos militantes, darem a conhecer os projetos que trazem para o Chega e em que é que farão este partido diferente daquilo que tem sido até agora”.
“É o momento de clarificarmos as águas”, insistiu, apontando que os dirigentes sairão disto “muito mais fortes”.
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